30.12.10

Dois poemas de Marize Castro

Marize Castro - Nasceu em Natal em 1962. É poeta, jornalista. Publicou Marrons crepons marfiins (1984), Rito (1993), Poço. Festim. Mosaico. (1996), Esperado ouro (2005).

FENECER


Feneço na ausência

dos homens cor de bronze

do prepúcio de púrpura.

Quem me lapidou

esqueceu de me tirar

o veneno.

Ateio

fogo na minha própria

teia.


Como quem preserva fortalezas

corto minhas / alheias
veias.

Feneço, infinitamente

na presença dos homens

que têm grandes pés e nenhuma fé.

Que me rasgam a carne

e me sepultam em suas glandes.

Não fosse eu
uma pessoa de múltiplos escudos

viveria a vida toda

como um único vestido
de veludo.

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Vinho

Se o queres seco

para molhar a garganta

eu o quero suave

para reinventar

essa chama

se o queres branco

para velar a virgem

eu o quero

vermelho

do porto

para aportar

as paixões

que me dividem

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