“COISAS
DA VIDA” – Por Leide Franco* (@LeideFranco)
Acabou
rápido, os dias foram morrendo cansados pelo peso da pressa da vida moderna
desse tempo nosso. Dias de luta, dias que sobrevivemos dentro dessa selva de
homens, concreto e incertezas. Faltaram dias. De repente Janeiro, inverno,
dezembro, verão.
A
última semana do ano é feita de dias de contabilidade. Somas, subtrações, divisões.
No fim não passa de uma grande matemática básica da vida, uma regra de três: início,
meio e fim. É momento de provar pelos nove fora. O resultado do balanço geral é
negativo ou positivo. Os números são sempre reais.
Até
aí tudo bem, com essas continhas básicas, ficamos sabendo o que ganhamos e o
que perdemos como passar dos dias. Agora, conta difícil de fazer é com o que
sentimos, o lado abstrato de toda a força. Vejamos: os sentimentos, por
exemplo, não são fáceis de medir, pois qual é o tamanho real do amor, da
desilusão, da amizade, da tristeza? Dor e prazer se medem? São equivalentes? Eu
poderia ter sido mais alegre? Poderia ter evitado os choros? O que faltou, o
que sobrou? Não é fácil contar!
Quantos de vocês estão se perguntando isso?
Parece mesmo que o mundo não é feito de respostas, é feito de dúvidas
e perguntas.
Essa
coisa de esperar chegar o fim do ano para fazer as contas, às vezes me soa
estranho. Por que só estou contando agora? Você nunca notou o quanto é questionável
perceber que o calendário marca uma divisão em nossas vidas? Fomos ruins,
portanto em 2012 seremos melhores. Fomos tristes em 2011, então nesse ano novo
seremos felizes. É preciso terminar um ano e começar outro para isso ou aquilo
acabar, começar ou acontecer?
“Doze
meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da
renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de
acreditar que daqui pra diante vai ser [melhor] ou diferente.”
(Trecho de “Cortar o Tempo”. Autor desconhecido, dizem que é de
Drummond, deveria ser, mas não é!)
Precisamos
mesmo esperar doze meses até que estejamos prontos para começar e renovar as
esperanças? Eu já tive ano novo no meio do ano. É sério, caro leitor! Certo ano
começou pra mim em meados de um ano desses rasgados lentamente do calendário e
de repente acabou no ano seguinte, longe de janeiro. Então que medida de tempo é
essa? O ano também sempre é novo para mim no dia do meu aniversário. É outro número,
outra vontade de que vai ser melhor ou diferente.
Às
vezes precisamos no encher de fé e esperança desligadas de um recomeço. Isso
precisa ser diário, caso contrário sucumbimos. Não é preciso esperar o ano
seguinte para começar a dieta, para começar a estudar, para ser feliz.
Felicidade é prática diária, acredite! Não serão novos algarismos no calendário
novo que vão fazer a sua vida mudar. Mudança também é diária. Há várias formas
de ser feliz, mas a mais fácil é aquela que encontramos nas pequenas coisas
desse mundo, aquela coisa de grão em grão...
Não
tenho receita para o ano novo. Não podemos nos alienar acreditando que as
pessoas serão mais justas, menos arrogantes, menos egoístas. Muitas das boas
intenções estão arquivadas em algumas gavetas, e de repente elas são retiradas
empoeiradas de lá e repensada pela ação do espírito natalino e pela passagem de
mais um ano. Quantos de nós vamos por em prática?
Desejo,
não só porque é ano novo, que sua esperança, assim como a minha, seja renovada
a cada amanhecer. Que minha fé nas pessoas, assim como a sua, não fique
enrugada com as experiências e as desilusões da vida.
Aconselho:
Cuide da sua saúde como se fosse o bem mais precioso que você tem. Respeite o
sentimento dos outros, como se fosse o seu, essa é uma das representações mais
nobres da bondade para com o outro. Faça uma caridade sem precisar ser Natal,
Dia das Crianças ou coisa afim. Muita gente precisa de atenção e generosidade
nossas todos os dias.
E
por fim... Que no ano novo sua vida seja renovada, não porque é um novo ano,
mas porque é mais uma oportunidade de realizar os seus planos, sonhos e
desejos, coisas que só depende de uma única pessoa: VOCÊ.
Feliz
recomeço ou continuação!
*Leide
Franco - Comunicadora com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.
Escreve
às segundas-feiras.
Amei a mensagem Leide. Você está certa. Beijo
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