A
ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, visitou ontem (18), em Brasília (DF), a central de atendimento do
Disque Direitos Humanos – Disque 100. A visita, segundo a própria ministra, faz
parte das atividades da Campanha Nacional de Combate à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes, lançada na última quinta-feira (16), em Salvador.
Agência
Brasil
Em
função do carnaval, o atendimento foi reforçado, com o reescalonamento dos
plantões dos 450 atendentes, analistas, supervisores e monitores de
atendimento. A maior preocupação deste período é com as crianças e
adolescentes, que ficam mais vulneráveis esta época do ano.
“É
muito importante que os conselhos tutelares e a base da rede de proteção
estejam funcionando devidamente para que possamos atender às denúncias aqui na
central e fazer que a pessoa seja atendida e protegida na cidade de onde partiu
a denúncia”, disse a ministra, acrescentando que o objetivo do serviço é
“garantir que a violência cesse”.
Mantido
pela secretaria, o serviço é responsável por receber – 24 horas por dia e
gratuitamente – as denúncias de violações aos direitos de crianças,
adolescentes, idosos, portadores de deficiências físicas e de grupos em
situação de vulnerabilidade feitas por meio do telefone 100. Entre maio de
2003, quando foi criado, e dezembro de 2010, quando a secretaria restruturou o
serviço, o Disque 100 já recebeu, examinou e encaminhou aos órgãos responsáveis
mais de 145 mil denúncias.
Em
2011, no entanto, o número de denúncias recebidas quase triplicou em relação a
2010, saltando de 30.544 para 82.281. Segundo o ouvidor nacional dos Direitos
Humanos, Bruno Renato Teixeira, o aumento é reflexo direto do aumento da
capacidade do Disque 100 de acolher denúncias e de o serviço ter passado a ser
mais divulgado.
Há
também, durante os festejos carnavalescos, uma maior atenção em relação aos
crimes de homofobia. “Qualquer denúncia será recebida como nos outros dias, mas
estamos mais atentos às denúncias envolvendo crianças e adolescentes e casos de
homofobia por sabermos que há uma alta vulnerabilidade neste momento”, explicou
a ministra.
“A
secretaria nacional solicitou a todos os secretários de segurança pública que
deem o suporte necessário aos conselheiros tutelares, que estão de plantão. As
secretarias de segurança estão comprometidos a preparar uma equipe acolher as
denúncias e, acima de tudo, atender o mais rapidamente às vítimas”, disse o
ouvidor nacional.
Durante
a visita à central, a ministra conversou, por telefone, com um conselheiro de
Londrina (PR), a quem uma das analistas informava sobre a denúncia de supostos
maus-tratos contra uma jovem de 17 anos recebida ontem (17) à tarde. A jovem
estaria sendo agredida por seu próprio marido e o filho do casal estaria
exposto às constantes brigas. “Em um caso como esse podem estar em jogo fatores
como agressão física e violência psicológica, suposto abuso sexual [da mulher]
e a exposição da criança”, explicou a analista, que, por razões de segurança,
não será identificada.
Formada
em direito e com pós-graduação em direito penal, a analista há pouco mais de um
ano é funcionária da empresa contratada para prestar o serviço de atendimento
do Disque 100. “Após esta experiência aqui, você nunca mais é a mesma pessoa.
Você aprende a conviver e respeitar o outro, a não julgar ou ficar com receio
de uma pessoa em situação de rua”, disse à Agência Brasil a analista, para quem
os casos atendidos mais chocantes foram o de uma senhora que, mantida em
cárcere privado, era abusada sexualmente e de uma criança queimada com cigarros
por sua própria madrasta.
De
acordo com Pedro Costa Ferreira, coordenador-geral do serviço, um analista
recebe, em média, R$ 1,5 mil por seis horas de serviço, seis dias por semana.
Já um atendente ganha por volta de R$ 800. São jovens universitários,
preferencialmente com alguma experiência na área de direitos humanos. Além de
submetidos a testes psicológicos, passam por um treinamento que dura, em média,
três semanas”. "Nossa presença aqui hoje também serve para tirar da
invisibilidade todas essas pessoas e dizer que o Disque 100 funciona com grande
dedicação", completou a ministra.
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