As
propagandas “emocionais” são muito mais envolventes e os consumidores se
lembram mais delas.
Por
Millward Brown*
Que
elementos chamam a atenção do público? O que traz resultados em persuasão?
O
desafio constante das marcas é ter uma comunicação eficiente baseada em
comerciais que chamem a atenção (impacto) e que mobilize o consumidor à compra
do produto (persuasão). A meta é a alta performance, criando comerciais que
possam representar um retorno positivo sobre os investimentos na marca. No
entanto, a experiência tem mostrado que não existe uma fórmula mágica que possa
garantir uma campanha de sucesso.
Tudo começa com uma boa ideia criativa, que
pode tirar o consumidor do seu momento de relaxamento e fazê-lo prestar atenção
no comercial. Para que ele fique atento ao filme, leia o anúncio em revistas,
ouça o rádio e busque os vídeos na internet é importante que a comunicação:
-
Gere envolvimento e mantenha a atenção durante sua exposição;
-
Traga associações que se mantenham na mente do consumidor a longo prazo;
-
Crie sentimentos e emoções positivas em relação à marca.
As
propagandas “emocionais” são muito mais envolventes e os consumidores se
lembram mais delas. Não é por acaso que crianças, animais, celebridades, romantismo
e nostalgia são elementos presentes em muitas propagandas e, de fato,
excelentes mensageiros de “emoções”.
Essas
variáveis podem ser suficientes para gerar lembrança e memorabilidade, mas
podem não bastar para representar uma comunicação de alta performance para a
marca. Com base no histórico dos milhares de comerciais testados por mais de
dez anos no Brasil, a Millward Brown pode contribuir com aprendizados que
mostram quais seriam os direcionadores chave para a construção de comerciais de
alta performance.
O
impacto ou a capacidade de chamar a atenção do consumidor para a marca está
baseado na criatividade: presença de música conectada com a mensagem, estilo
criativo diferenciado e mensagem emocional. Mas o maior peso e a maior
diferença entre os melhores e os piores comerciais, em termos de impacto, está
na presença de uma única mensagem, ou o que chamamos de single message.
Os
indicadores de performance em impacto confirmam os conceitos básicos de
comunicação que devem ser considerados na elaboração de um comercial. Um deles
é o chamado creative magnifier, que mostra a memória seletiva do consumidor –
ele escolhe apenas as partes que realmente interessam e envolvem e esquece do
resto. Mesmo após ver o comercial repetidas vezes, ele vai se lembrar, em
geral, das mesmas partes que chamaram a atenção da primeira vez.
Propagandas
de sucesso são aquelas que capitalizam esse momento de interesse e comunicam o
que deve ser comunicado ao consumidor, associando a marca anunciada e
utilizando recursos criativos diferenciados para chamar a atenção.
Quantos
comerciais chamam muito a atenção e geram um enorme buzz, mas os consumidores
não conseguem identificar a marca anunciada? Dos comerciais presentes
atualmente na TV destacam-se os do Fiat Uno, com um exemplo do uso da música
conectada à mensagem trazendo uma associação direta com a cultura e a
preferência popular. Como exemplo da criatividade bem conectada com a mensagem,
temos o comercial do Itaú no qual um bebê dá gargalhadas. Como indicadores de
sucesso em persuasão, a análise do banco de dados dos comerciais testados da
Millward Brown comprova que a base da persuasão está na presença de novidades
em term os de benefícios do produto e no uso de demonstrações para explicitar
ou esclarecer esses benefícios.
A
melhor performance de um comercial em persuasão está, portanto, na busca de uma
execução que associe criatividade à comunicação de benefícios racionais de
produto. Sabemos que nem sempre essa associação é tarefa fácil, porque não é
fácil ter novidades de produtos para comunicar e execuções para comunicar
benefícios, especialmente os demos, que relativizam a capacidade de o comercial
chamar a atenção (criatividade).
A
questão está nos objetivos estratégicos da comunicação, natureza da categoria e
maturidade da marca no mercado. Categorias com menor capacidade de
diferenciação entre marcas dependem muito mais de comerciais focados em
benefícios de produto que possam representar uma persuasão imediata.
Comerciais
de xampus, desodorantes, absorventes, apenas para dar alguns exemplos, são as
categorias que mais enfrentam esse desafio. Muitos usam as celebridades como
caminho para chamar a atenção e são bem-sucedidos quando mantêm o uso
consistente; há uma adequação da celebridade com o posicionamento da marca; as
histórias integram de forma adequada a celebridade com a mensagem que se quer
transmitir.
Outra
pergunta que se faz constantemente é qual a possibilidade de os comerciais
“viajarem“ por vários países. É uma questão crucial no momento de mercado em que
as marcas tornam-se mundiais e buscam estratégias globais de comunicação.
Uma
análise da base de dados de comerciais testados da Millward Brown mostra que a
performance dos filmes em impacto e persuasão forma grupos de afinidade
bastante significativos entre os vários países da América Latina, nos Estados
Unidos e na Espanha, indicando similaridade na estrutura de avaliação nos
vários países de cultura ibérica.
A
presença da música, o humor, o ritmo mais agitado, o uso de ícones que
representem propriedades da marca, um estilo criativo diferenciado e a presença
de crianças são os elementos comuns direcionadores de sucesso nos vários
países. Os comerciais no Brasil, Espanha, Argentina e México usam muito
mensagens emocionais e pouco áudio com locução em off. Já nos comerciais dos
Estados Unidos, destaca-se a presença de novidades e na Colômbia, o uso da
locução em off.
Além
desses indicadores relativos à execução dos comerciais, a possibilidade de o
filme “viajar” depende da maturidade da categoria no país, do estágio de
desenvolvimento da marca e do ambiente competitivo.
*Jornal
Meio & Mensagem / fevereiro de 2012
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