O
emprego no Brasil está crescendo de forma quantitativa e qualitativa, com
aumento de empregos com carteira assinada e do rendimento real do trabalho, ou
seja, reajustes que ficam acima da inflação. Os dados são de pesquisa do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para quem a interpretação
desse quadro significa que o padrão de crescimento do país mudou para melhor.
Agência
Brasil
Mas,
ainda assim, o Ipea constata que os brasileiros estão longe de alcançar a
situação de pleno emprego. “O pleno emprego é uma situação onde todos teriam
uma colocação no mercado de trabalho e com remuneração que o empregado
considere justa para o seu trabalho. Não é pleno emprego o que temos hoje no
Brasil: mercado informal grande, pessoas com subocupação e rendimentos médios
baixos que não condizem com uma situação de pleno emprego”, explicou a técnica
de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andreia Lameira.
O
estudo aponta que, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), 80% das vagas criadas na economia são remuneradas em até dois salários
mínimos. Andréia Lameira considerou esse valor baixo, mas ressaltou que “o
salário mínimo vem crescendo e de forma real, isso melhora o resultado como um
todo”.
A
quantidade de empregados domésticos representa cerca de 7% das ocupações nas
regiões metropolitanas, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número vem caindo, já
representou 9% em anos anteriores, mas demonstra o alto nível de informalidade
e de baixos salários na sociedade, de acordo com a pesquisa.
O
coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Roberto Messember,
defendeu a atuação do governo na promoção de mais e melhores empregos por meio
de investimentos. “O pleno emprego é uma construção social. O mercado de
trabalho é um resultado do desempenho da macroeconomia. O governo pode cooptar
o setor privado a investir e romper pontos de estrangulamento na economia, na infraestrutura,
transporte e energia, alavancando a produtividade do sistema e de um
desenvolvimento econômico sustentável”.
O
professor Fernando Mattos, da Universidade Federal Fluminense (UFF),
pesquisador do Ipea, observou que falta uma estatística de abrangência nacional
para medir o desemprego no país. “Temos apenas pesquisas nas regiões
metropolitanas e sobre emprego formal. Existem diferenças de região, entre
setores da economia e um alto grau de informalidade no mercado. O ideal seria
que existisse uma pesquisa nacional mensal que considerasse os diferentes
degradês de desemprego”.
As
pesquisas no Brasil sobre emprego e desemprego medem apenas a taxa de
desemprego aberto: pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva, nos 30
dias anteriores ao da entrevista, e não exerceram nenhum tipo de atividade nos
sete dias anteriores à pergunta. Nesse conceito, não estão pessoas em situação
de subemprego, pessoas em inatividade por diversos fatores e outras situações
consideradas “desemprego oculto”.
De
acordo a PME, o número de pessoas ocupadas nas seis regiões metropolitanas do
país e cobertas pela pesquisa saltou de 17,6 milhões, em junho de 2002, para
22,7 milhões, em setembro de 2001, um aumento de cerca de 30%. Ainda segundo o
IBGE, o desemprego nessas regiões fechou com média de 6% em 2011, contra 6,7%
em 2010. O resultado é o menor desde 2002. "Mas as taxas de desemprego
ainda são muito altas. Em Salvador, por exemplo, a taxa de desemprego aberto é
de 10,3% e oculto, 5%", ressaltou Mattos.
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