Até
seus inimigos reconhecem: as frases e provérbios de Leonel Brizola (1922-2004)
fazem falta à política brasileira. Ele era capaz de perder um aliado, mas uma
boa frase, jamais. Que o diga Lula, seu inimigo íntimo, que, por causa do velho
caudilho, jamais se livrou do apelido de "sapo barbudo".
Fonte:
Valor Econômico
"A
política é a arte de engolir sapo. Não seria fascinante fazer agora a elite
brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?", teria dito Brizola em
1989. A elite não engoliu e Lula perdeu a eleição para a presidência para
Fernando Collor.
No
ano em que o ex-governador do Rio (1983-1987/ 1991-1994) completaria 90 anos,
um livro, ainda sem editora, com frases criadas por ele, está sendo organizado
por sua neta Juliana Brizola, deputada estadual (PDT-RS). Serão 90 frases, cada
uma representando um ano.
"A
ideia surgiu assim que o meu avô morreu. Começamos a lembrar das frases, das
tiradas inteligentes, dos provérbios, que não eram criados por ele, mas eram
como se fossem", diz Juliana. A neta lembra que passou a vida convivendo
com um homem desconfiado. Um verdadeiro "animal político".
"Quando
ele dizia: 'Tem batata nessa chaleira' é porque já sabia que alguém estava
tentando enganá-lo. Aí ele não sossegava", lembra. "Se alguém
ameaçava sair do partido ou fechar aliança com algum inimigo, todos já sabiam
qual seria o provérbio: 'Fulano está costeando o alambrado'."
O
curioso é que Brizola, socialista de formação, usou boa parte do seu talento
como frasista para cutucar a esquerda brasileira. O alvo preferido sempre foi o
PT, com quem vivia às turras.
Suas
brigas com o partido abriram feridas jamais cicatrizadas, mas, ao mesmo tempo,
serviu de inspiração para um punhado de frases, repetidas até hoje, inclusive
pelos opositores: "O PT é a UDN de tamanco e macacão" ou "O PT é
a esquerda que a direita sempre quis".
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