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Foto: Cleide Carvalho / O Globo |
Cleide
Carvalho, O Globo
Magra,
cabelos compridos, short curto. M., 16 anos, abre o sorriso leve e ingênuo dos
adolescentes quando perguntada se pode dar entrevista. Poderia ser uma das
milhares de meninas que sonham com as passarelas. Mas não é.
O
relógio marca 1h de sexta-feira. M. é um garoto e está na calçada, numa das
travessas da Avenida Indianópolis, conhecido ponto de prostituição de travestis
e transexuais, escancarado em meio a casas de alto padrão do Planalto Paulista,
na Zona Sul de São Paulo. A poucos passos, mais perto da esquina, está K.,
também de 16 anos.
—
Sou muito feminina. Não tem como não ser mulher 24 horas por dia — diz K.
M.
e K. são a ponta do novelo que transformou São Paulo num centro de tráfico de
adolescentes nos últimos cinco anos. Meninos a partir de 14 anos são aliciados
no Ceará, no Rio Grande do Norte e no Piauí e, aos poucos, são transformados em
mulheres para se prostituírem nas ruas de São Paulo e em países da Europa.
Misturados
a travestis maiores de idade, eles são distribuídos em três pontos tradicionais
de prostituição transexual em São Paulo: além da Indianópolis, são encaminhados
para a região da Avenida Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, e Avenida Industrial,
em Santo André, no ABC paulista.
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