Por
ingenuidade, deslumbramento, ignorância ou ressentimento contra as “velhas
mídias”, muitas pessoas ao longo dos quase 20 anos que já dura a disseminação
de veículos jornalísticos ou parajornalísticos na internet insistem na mitologia
de que estes, ao contrário dos antigos, impedem que mentiras ou distorções
prosperem e iludam a sociedade.
Carlos
Eduardo Lins da Silva, Observatório da Imprensa
Jornais,
revistas, emissoras de rádio e TV, de acordo com essa lenda urbana, passaram a
vida manipulando o público ao lhe oferecer informações falsas ou enviesadas.
Com o advento da internet, como praticamente todos os cidadãos têm a
possibilidade de se tornar emissor de informações e opiniões, tais abusos
seriam desmascarados e a sociedade teria garantido o seu direito de sempre
saber “a verdade”.
Evidentemente,
isso tudo não passa de ilusão porque nenhum meio de comunicação em nenhuma
plataforma tecnológica nem sob nenhum tipo de modelo de propriedade traz
inerente em si a condição de honestidade no relato de fatos e transcrições de
declarações, as quais são feitas sempre por seres humanos, naturalmente
imperfeitos e sujeitos a vários tipos de conduta moral.
Do
mesmo modo como incontáveis vezes os veículos do passado de fato cometeram desvios
éticos de maior ou menor gravidade, igualmente os cibernéticos o têm feito em
grande quantidade e variedade.
Com
uma agravante: quando um jornal, revista ou emissora comete tais deslizes, é
relativamente fácil para quem se sente prejudicado identificar a
responsabilidade (se não individual, pelo menos corporativa) e tentar exigir
reparação, seja na Justiça ou junto à sociedade.
Já
quando esse tipo de ocorrência se dá no infinito espaço cibernético, é
praticamente impossível localizar quem originou a falsidade e todos os que a
espalharam pela rede. Sem contar que muitos desses se protegem sob o manto
covarde do anonimato.
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