À
medida que a criança e o adolescente em um abrigo vão ficando mais velhos,
menor a chance de ser adotado. Dos 27.437 interessados em adotar no Brasil,
apenas 661 querem crianças e adolescentes de 8 a 17 anos de idade, menos de 3%
do total. É o que mostra levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
sobre o cadastro de adoção divulgado na última semana.
Agência
Brasil
A
maioria dos pretendentes quer crianças com até 2 anos de idade. Das 4.799
crianças e adolescentes disponíveis para adoção, 91 estão na faixa etária até 2
anos, enquanto 548 têm 14 anos de idade.
O
desejo de acompanhar as fases de crescimento é uma das explicações para a
preferência em adotar bebês ou crianças pequenas. No Distrito Federal (DF), por
exemplo, 97% dos candidatos querem crianças com até 3 anos de idade. Acima de
12 anos, praticamente não há casais interessados.
“Acredita-se
que uma criança mais nova tem menos história que uma mais velha ou é mais fácil
lidar com essa criança que tem poucas lembranças”, diz Niva Campos, responsável
substituta pela Seção de Colocação das Crianças em Famílias Substitutas da 1ª
Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal.
Se
o adolescente chegar ao abrigo mais velho, a adoção fica mais difícil, segundo
Cristiane Mendes, que chefia a fiscalização, orientação e o acompanhamento das
entidades de acolhimento da vara judicial do DF. “Quanto maior a idade com que
[o jovem] entra em uma instituição, menor a chance de adoção. A gente não tem
visto a criança ficar muitos anos na instituição, o problema é a idade”.
A
lei prevê que a criança e o adolescente podem ficar no abrigo pelo prazo de
dois anos. Depois do período, e se não forem adotados, o juiz prorroga a
permanência deles na instituição de acolhimento.
Conforme
o balanço nacional, persiste também a preferência dos adotantes por crianças
brancas - 35,8%. No entanto, 1.677 crianças aptas à adoção são brancas (34,1%),
2.249 pardas (45,7%) e 930 negras (18,9%). As amarelas e indígenas somam menos
de 1%.
“As
pessoas procuram adotar crianças com semelhança física a elas. A gente tem
menos procura por crianças negras. Isso tem a ver com o preconceito racial.
Mesmo em uma família negra ou multirracial existe uma tendência por crianças
brancas”, explica Niva Campos.
Quase
60% dos pretendentes declaram ser indiferentes em relação ao sexo, porém 33,2%
querem exclusivamente meninas, ante 9,6% para os garotos.
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