Mais
um ano letivo começou e permanece o impasse em torno da Lei do Piso Nacional do
Magistério. Pela legislação aprovada em 2008, o valor mínimo a ser pago a um
professor da rede pública com jornada de 40 horas semanais deveria ser
reajustado anualmente em janeiro, mas muitos governos estaduais e prefeituras
ainda não fizeram a correção.
Agência
Brasil
Apesar
de o texto da lei deixar claro que o reajuste deve ser calculado com base no
crescimento dos valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb), governadores e prefeitos justificam que vão esperar o
Ministério da Educação (MEC) se pronunciar oficialmente sobre o patamar
definido para 2012. De acordo com o MEC, o valor será divulgado em breve e
estados e municípios que ainda não reajustaram o piso deverão pagar os valores
devidos aos professores retroativos a janeiro.
O
texto da legislação determina que a atualização do piso deverá ser calculada
utilizando o mesmo percentual de crescimento do valor mínimo anual por aluno do
Fundeb. As previsões para 2012
apontam que o aumento no fundo deverá ser em torno de 21% em comparação a 2011.
O MEC espera a consolidação dos dados do Tesouro Nacional para fechar um número
exato, mas em anos anteriores não houve grandes variações entre as estimativas
e os dados consolidados.
“Criou-se
uma cultura pelo MEC de divulgar o valor do piso para cada ano e isso é
importante. Mas os governadores não podem usar isso como argumento para não
pagar. Eles estão criando um passivo porque já devem dois meses de piso e não
se mexeram para acertar as contas”, reclama o presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. A entidade prepara
uma paralisação nacional dos professores para os dias 14,15 e 16 de março. O
objetivo é cobrar o cumprimento da Lei do Piso.
Se
confirmado o índice de 21%, o valor a ser pago em 2012 será em torno de R$
1.430. Em 2011, o piso foi R$1.187 e em 2010, R$ 1.024. Em 2009, primeiro ano
da vigência da lei, o piso era R$ 950. Na Câmara dos Deputados tramita um
projeto de lei para alterar o parâmetro de reajuste do piso que teria como base
a variação da inflação. Por esse critério, o aumento em 2012 seria em torno de
7%, abaixo dos 21% previstos. A proposta não prosperou no Senado, mas na Câmara
recebeu parecer positivo da Comissão de Finanças e Tributação.
A
Lei do Piso determina que nenhum professor pode receber menos do valor
determinado por uma jornada de 40 horas semanais. Questionada na Justiça por
governadores, a legislação foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
no ano passado. Entes federados argumentam que não têm recursos para pagar o
valor estipulado pela lei. O dispositivo prevê que a União complemente o
pagamento nesses casos, mas desde 2008 nenhum estado ou município recebeu os
recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a falta de verbas para
esse fim.
“Os
governadores e prefeitos estão fazendo uma brincadeira de tremendo mau gosto. É
uma falta de respeito às leis, aos trabalhadores e aos eleitores tendo em vista
as promessas que eles fazem durante a campanha de mais investimento na
educação”, cobra Leão.
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