A
maioria dos brasileiros ouvidos por pesquisadores do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) considera que as Forças Armadas devem ser empregadas
no combate ao crime. É o que aponta a terceira edição da pesquisa do Sistema de
Indicadores de Percepção Social (Sips), dedicada à defesa nacional, divulgada
ontem (29), com o objetivo de avaliar a relação dos militares com a sociedade.
Agência
Brasil
A
pesquisa mostrou que 91,7% das 3.796 pessoas consultadas em todas as unidades
da Federação consideram que Exército, Marinha e Aeronáutica devem colaborar com
as polícias Militar e Civil, atuando também na segurança pública. Os
entrevistados só se dividem quanto à frequência com que isso deve ocorrer. Quase
metade (47%) diz que o emprego dos militares deve ser constante, enquanto os
demais defendem que isso ocorra apenas em algumas situações específicas.
A
ideia de que as Forças Armadas atuem cotidianamente contra os criminosos comuns
é mais bem aceita entre as pessoas mais velhas, as de menor faixa de renda
familiar e as com menor grau de escolaridade. Os resultados, no entanto, não
divergem muito dos obtidos entre aqueles que defendem o uso de militares apenas
em situações específicas.
A
maioria dos entrevistados também respondeu considerar que os militares
respeitam a democracia. Para 20,8% dos consultados, contudo, os integrantes das
Forças Armadas têm pouco ou nenhum respeito pela democracia. Os demais se
dividiram entre os que acreditam que o respeito é total (42,6%) ou razoável
(35,3%). O percentual de entrevistados que percebem um respeito apenas razoável
à democracia é maior entre os mais escolarizados.
Para
57,6%, é difícil apresentar uma reclamação ou denúncia contra um membro das
Forças Armadas. Já para 12,8%, a dificuldade seria razoável. Para 23% seria
fácil, enquanto 6,5% não souberam ou não responderam à questão. A percepção
varia de região para região do país. No Sul, a soma entre os que consideraram a
dificuldade como razoável e os que consideraram que não existe tal dificuldade,
foi 46,7%. Já no Centro-Oeste, quase 70% consideraram difícil encaminhar uma
reclamação ou denúncia contra militares.
Para
a maior parte dos entrevistados, o serviço militar deve continuar sendo
obrigatório. Mesmo entre esses, no entanto, mais de um terço (38,3%) defendem
que o jovem deveria poder escolher entre a opção militar ou um serviço civil,
como a prestação de serviços comunitários e de apoio a populações carentes.
Apenas
8,1% consideraram que as mulheres não deveriam ingressar nas Forças Armadas. Os
outros se dividem entre os que concordam com o ingresso, inclusive participando
de combates (51%), e aqueles que acham que elas só não devem participar de
batalhas (40,4%).
Já
no que diz respeito à participação de homossexuais nas Forças Armadas, 63,7%
disseram não ver nenhum problema. A maior resistência é encontrada entre os
homens. Além de estarem em menor número entre os que concordam com tal
hipótese, são a maioria entre os entrevistados que discordam dela. Mais da
metade (52%) dos que se dizem contrários vivem na Região Sul, enquanto 67,5%
dos que concordam moram na Região Centro-Oeste.
Pouco
mais de 41,2% dos entrevistados acreditam que os militares das Forças Armadas
dispensam um tratamento igual a todos os cidadãos, sem efetuar discriminações
de qualquer espécie. Trinta e nove por cento discordam dessa percepção, que é
mais fraca nas regiões Sudeste e no Nordeste, nas quais menos de 40% dos
consultados concordam que os militares não fazem nenhum tipo de discriminação.
Ao
serem perguntados se a carreira militar, atualmente, é atrativa aos jovens, a
maioria, 64,7%, disse que é, ao menos, razoavelmente atraente, enquanto 34,9%
disseram se tratar de uma carreira pouco ou nada atraente.
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