A
discussão sobre o marco legal da comunicação é um direito da cidadania e
contribui para a liberdade de expressão, na avaliação da coordenadora-geral do
Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações, Rosane Bertotti.
Agência
Brasil
“O
Estado tem papel fundamental como indutor, gestor e garantidor das políticas
públicas, entre elas, a comunicação”, disse Rosane durante a abertura do
Seminário Internacional sobre a Regulação da Comunicação Pública, que começou
hoje (21) pela manhã na sede da Câmara dos Deputados.
Há
expectativa, entre os presentes, que o evento, que segue até sexta-feira (23),
dê impulso no Parlamento às discussões para elaboração de projeto de lei que
regulamente os artigos da Constituição Federal (nº 220 ao nº 224) que tratam da
comunicação social e a complementaridade entre os sistemas privado, estatal e
público de radiodifusão.
“Precisamos
aproveitar essas alternativas para modernizar a comunicação”, disse o presidente
da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), ao salientar que a regulamentação é
“anseio legítimo da sociedade brasileira” e é necessária a construção de “um
modelo que reflita uma nação livre e democrática”. Na avaliação do parlamentar,
a comunicação pública “dá maior atenção às vozes da minoria”.
A
coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à
Comunicação com Participação Popular (Frentecom), deputada Luiza Erundina
(PSB-SP), ressalta que há “um vazio jurídico e um déficit legal” para o
funcionamento da radiodifusão no Brasil.
“Os
dispositivos constitucionais não foram regulamentados e parte deles não teve
eficácia porque ainda não fizemos uma legislação infraconstitucional”,
assinalou lembrando que que a lei específica de radiodifusão tem 50 anos e está
defasada.
Erundina
destacou que, por causa da legislação antiga, o sistema de comunicação pública
ainda “não está funcionando nas condições desejáveis e necessárias”. A
parlamentar disse à Agência Brasil que “o sentido da complementaridade supõe um
nível de marco institucional e de marco legal, de infraestrutura, método,
gestão, organização, participação e controle da sociedade civil. Um déficit sem
o qual o segmento não cumpre a sua parte.”
O
diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, que
também participou da abertura do seminário, afirmou que “a principal razão para
se discutir a regulamentação é garantir o acesso ao direito do saber”. “Isso
não envolve apenas a comunicação pública, mas a forma de acesso à informação
pela população”, destacou. A expectativa dele é que leitores, ouvintes e
telespectadores percebam, com o tempo, as diferenças entre o conteúdo de um
veículo público de comunicação e de uma emissora estatal que divulgue apenas as
ações de governo.
Para
Nelson Breve, a discussão sobre a regulamentação pública ocorre no mesmo
momento em que o país consolida suas instituições democráticas e arranjos
institucionais, como a forma de financiamento – uma “questão prioritária”, em
sua avaliação.
De
acordo com o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar
Alvarez, “a regulação é própria de países democráticos e consolidados”.
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