Mais
de 60% das capitais brasileiras – 17 das 27 capitais - aprovaram leis que
proíbem ou que regulam o uso de sacolas plásticas em supermercados e outros
estabelecimentos comerciais. Em pelo menos três capitais – Manaus, Fortaleza e
Curitiba – há projetos tramitando na Câmara Municipal sobre o assunto.
Entretanto, aprovar a lei não significa colocá-la em prática. Em diversas
cidades há ações na Justiça para suspender a aplicação da norma.
Agência
Brasil
Em
Recife, a Justiça considerou inconstitucional a lei que obriga o fornecimento,
por parte dos comerciantes, de sacolas oxibiodegradáveis (que contém um aditivo
que causa degradação mais rápida). O argumento é que o município não pode
legislar sobre matéria de meio ambiente. Essa competência, segundo a
Constituição, cabe à União, aos estados e ao Distrito Federal.
O
município de Recife recorreu da decisão. Se o pedido de recurso for acatado
pelo Tribunal de Justiça local, a matéria seguirá para decisão do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Enquanto isso, a ação fica suspensa.
Na
maior cidade do país, São Paulo, a Justiça também considerou a lei
inconstitucional. Entretanto, foi assinado um acordo com a Associação Paulista
de Supermercados para que, até 3 de abril, os estabelecimentos forneçam caixas
de papelão gratuitamente ou sacolas biodegradáveis por R$ 0,19 e ecobags por R$
1,80. A partir de 4 de abril, os consumidores deverão transportar suas compras
em sacolas próprias.
O
ideal, segundo o presidente do Instituto Sócioambiental dos Plásticos
(Plastivida), Miguel Bahiense, é o uso racional das sacolas plásticas. Ele
destacou que estudos mostram que sacolas plásticas têm melhor desempenho,
inclusive no acondicionamento de lixo, do que outras embalagens.
“Num
aterro sanitário 0,2% é sacola plástica, 65% são material orgânico. A saída é
ter incineração, reciclagem energética. Dizer que as sacolas abarrotam os
aterros sanitários é uma mentira deslavada”, disse. “É preciso ter sacolas
resistentes e que seu uso envolva preservação ambiental e uso consciente”,
completou.
Para
a fundadora da Fundação Verde (Funverde), Ana Domingues, a solução é acabar com
as sacolas plásticas e educar o consumidor a usar engradados ou sacolas
retornáveis. Caixa de papelão, segundo ela, deve ser a última opção. “Já passou
da hora de banir as sacolas. Não tem lógica usar um segundo pra fabricar um
produto, usar por meia hora e demorar 500 anos para tirar do meio ambiente”,
comentou.
Abandonar
a sacola plástica tem sido a decisão de muitos consumidores, mesmo antes de
leis regularem o assunto. A dona de casa Maria do Carmo Santos, por exemplo,
diz que as sacolas retornáveis oferecem maior resistência, durabilidade e
segurança para as suas compras. “Eu já abandonei o uso das sacolinhas de
plástico há muito tempo. Elas poluem demais e sujam nossa casa. Eu até faço
coleção dessas sacolas ecológicas que são lindas, práticas e duram muito mais
do que as de plástico”, disse.
A
dona de casa Graciana Maria de Jesus tem a mesma opinião. Para ela, as sacolas
plásticas oferecidas no mercado não são de boa qualidade. “Essas sacolinhas de
mercado não valem nada! Além de a gente passar raiva, porque rasgam com
facilidade e nem para colocar no lixo servem. Comprei essa bolsa (ecobag) que
dá para colocar mais produtos e para carregar é bem melhor”, disse.
Brasileiros
usam 15 bilhões de sacolas plásticas por ano
No
Brasil, estima-se que o uso de sacola plástica seja 41 milhões por dia, 1,25
bilhão por mês e 15 bilhões por ano. Mas os consumidores brasileiros
representam apenas uma parte do uso mundial do produto. Dados da Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) indicam que, no mundo, são distribuídas de
500 bilhões a 1 trilhão de sacolas plásticas por ano. Dar uma destinação
adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido
prioridade em muitos países.
Na
Irlanda, por exemplo, as sacolas plásticas foram vendidas, inicialmente, 0,15
centavos de euro por sacola. Com isso, houve a redução de 94% no consumo
individual. Antes de 2002, quando a lei foi instituída, cada consumidor usava
300 sacolas por ano. Agora, o número é de 21 sacolas anuais. Hoje, o preço da
sacola é 0,22 centavos de euro. O comércio oferece sacolas retornáveis.
Na
Inglaterra, as sete maiores redes atacadistas assinaram acordo voluntário com o
governo para reduzir à metade o consumo de sacolas plásticas até 2009. Para
atingir a meta, houve investimento em ações de educação e conscientização dos
consumidores, além da adoção de programas de fidelidade e campanhas de
reciclagem.
Os
Estados Unidos e o Canadá não têm leis nacionais regulando o uso de sacolas.
Nesses países, cabe a cada estado adotar sua norma. Em Washington, capital
norte-americana, há a cobrança de US$ 0,05 para cada sacola plástica ou de
papel usada no comércio.
Em
Toronto, no Canadá, desde 2009 os comerciantes cobram US$ 0,05 por sacola
plástica. O governo local incentiva que o dinheiro arrecadado seja usado na
própria comunidade ou em iniciativas ambientais.
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