Carlos
Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor
Sem
qualquer intenção de fazer apologia da violência, dei-me a meditar sobre o
recente episódio ocorrido com o meu amigo Onofre Lopes Júnior, também
influenciado pela minha condição de idoso.
A
violência em nossa cidade está alcançando proporções incontroláveis, com
sucessivos registros de assaltos em qualquer local ou horário, inclusive,
agora, com a novidade de interceptação dos veículos nas avenidas, mediante
colocação de obstáculos, sem que haja o deslocamento de contingente policial
para flagrar tais atitudes criminosas, apesar se ser uma ação repetitiva.
Esse
estado de coisa põe em polvorosa todos os cidadãos natalenses e, com muito mais
justificativa, as pessoas de idade vetusta, que por si mesmas já possuem as
deficiências próprias da idade, seja de natureza motora ou de percepção
imediata para os perigos com os quais se defrontam no dia-a-dia.
Sem
mais o vigor físico para evitar confrontos ou reações, o idoso encontra na arma
uma mínima possibilidade de defesa, embora a estupidez legislativa tenha criado
empecilhos para a propriedade de qualquer armamento e, principalmente, do porte
de arma.
Estamos
indefesos, a mercê dos trombadinhas. Contudo, quando o perigo ronda a nossa
família, como no caso de Onofre Jr., a coisa muda de figura, pois a natureza nos
concede a força da indignação e permite, raras vezes, a capacidade de reação,
movida pela necessidade de preservação da vida e, em especial, da vida dos
nossos familiares.
O
gesto de Onofre, antes de tudo, foi de extrema coragem, sobretudo quando se sabe
o seu estado de saúde. Mas o seu amor a Sílvia permitia qualquer sacrifício,
até da própria vida e teve sorte em acertar o bandido. Fosse eu, não teria a
certeza da pontaria e, certamente, teria, também, que acionar muitas vezes, nem
que servisse para amedrontar o meliante..
Meditem
os meus leitores a respeito do desgaste emocional vivenciado pelo estimado
Amigo Onofre e sua esposa, ouvindo comentários pouco lisonjeiros de uns poucos,
embora a solidariedade da esmagadora maioria da população.
Recebam
Onofre e Sílvia a minha consideração e o meu respeito, rogando a Deus que os
órgãos oficiais saibam compreender as circunstâncias do acontecido e reconheçam
a legítima defesa necessária, amenizando as sequelas emocionais, que certamente
persistirão, tendo em conta a sua conduta social e a dedicação de salvar vidas
em toda a sua trajetória profissional.
Deus
nos livre de um confronto semelhante! Que o fato sirva para uma alteração na
legislação pertinente à propriedade e porte de arma, para inibir um pouco os
audaciosos assaltantes! Que a Polícia seja reforçada com novos integrantes para
poder cumprir com eficiência a sua missão. Com isso, certamente que esses fatos
não se repetirão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário