Países
detentores de florestas tropicais como o Brasil podem ser absolutamente
afetados pela falta ou escassez desses serviços
Shigueo
Watanabe* (Fonte: Ibope)
Atribuir
um valor econômico aos serviços prestados pelos recursos naturais, como a
estabilidade do clima, a qualidade da água ou do solo é uma forte tendência no
debate sobre sustentabilidade. Hoje, esses serviços ecossistêmicos são
considerados como uma falha de mercado por não serem contabilizados no balanço
das empresas ou nas contas nacionais. Ou seja, no cálculo dos custos dos
produtos ou do Produto Interno Bruto (PIB) de uma nação não sabemos quanto do
patrimônio ecológico natural é depreciado anualmente e também não temos a noção
real do valor desse ativo.
Estudos
recentes buscam mensurar esses serviços em ecossistemas diferentes, tornando-os
comparáveis entre si e, em um passo seguinte, atribuindo valor econômico
conforme a necessidade humana a cada serviço.
Em
junho deste ano, durante a Rio + 20, os princípios e critérios básicos para a
chamada economia verde estarão em pauta. Em tempos de aquecimento global e
crise econômica, precisamos encontrar o equilíbrio entre as dimensões que
compõem a sustentabilidade - ambiental, social e econômico – e avaliar os
riscos e as oportunidades decorrentes da nossa dependência e impacto sobre os
ecossistemas.
O
risco é claro e eminente. A Avaliação Ecossistêmica do Milênio, coordenada pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alerta que a
degradação e a pressão sobre os ecossistemas é da ordem de 60%. Países
detentores de florestas tropicais como o Brasil, cuja economia é pautada por
atividades diretamente dependentes dos recursos naturais, podem ser
absolutamente afetados pela falta ou escassez desses serviços.
Por
outro lado, as oportunidades se anunciam. Projetos experimentais no mundo todo
demonstram a viabilidade de se incorporar o valor dos serviços ecossistêmicos
às estratégias de negócio e às políticas públicas, consolidando sua importância
estratégica para a economia mundial.
Uma
economia verde e de baixo carbono pode gerar oportunidades de negócios pela
possibilidade de se atribuir valor aos recursos naturais e as empresas estão se
preparando para essa transição. Primeiro, ao identificar, evitar e mitigar os
impactos em razão da utilização dos serviços ecossistêmicos na cadeia
produtiva. Depois, incorporando os serviços prestados pelos ecossistemas como
fatores de decisão do setor privado.
No
campo das políticas públicas, programas e projetos que instituem mecanismos de
pagamento por serviços ecossistêmicos e definem através de marcos legais as
dinâmicas entre provedores e beneficiários desses serviços estão em evidência,
tornando a gestão ambiental flexível, de modo que haja um incentivo positivo à
preservação em desestimulo à degradação.
Com
base nesse cenário favorável e desafiador, o IBOPE Ambiental, nova unidade de
negócios do Grupo IBOPE, atua com serviços de consultoria e certificação
voltados aos aspectos ambientais da sustentabilidade, desenvolvendo e aplicando
métodos e modelos de valoração econômica, a fim de gerar oportunidades de
negócios com os ativos ecossistêmicos, para o setor público e privado.
*Shigueo
Watanabe Junior
Bacharel e mestre em física pela Universidade de São Paulo
(USP). É diretor executivo do IBOPE Ambiental e especialista em projetos de
carbono.
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