Os
atraso nas obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo poderão resultar em
uma “herança maldita” para a população brasileira. Para o ministro do Tribunal
de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, responsável pelo controle desses
gastos, as obras inacabadas podem ficar sem recursos para ser concluídas. O
ministro participou ontem (25) de audiência pública na Comissão de
Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados.
Agência
Brasil
Campelo
disse que não há risco de a competição ficar comprometida por causa das obras
atrasadas, mas alertou que apenas 5% dos R$ 10,93 bilhões destinados a
investimentos em mobilidade urbana foram executados até agora, de acordo com a
Matriz de Responsabilidade, documento que define as responsabilidades da União,
de estados e municípios com a execução dos projetos imprescindíveis para a Copa
na área de infraestrutura. Por isso, o ministro sugeriu que sejam
definitivamente suspensas as obras que não têm mais condições de ficar prontas
a tempo.
“O
Ministério das Cidades, o Ministério do Esporte, o Comitê Gestor da Copa do
Mundo 2014 e o Grupo Executivo para a Copa devem tomar as providências para
essa exclusão [das obras], estabelecendo um prazo fatal para que os estados
ultimem esforços para o início dos empreendimentos. Essas entidades devem
assumir o peso político dessa tomada de decisões”, disse Valmir Campelo.
O
Ministério das Cidades, na Nota Técnica 34/2012, entendeu que os alertas do TCU
são adequados, do ponto de vista técnico, e concordou que a situação das obras
de mobilidade urbana é preocupante, tendo em vista a proximidade dos jogos e a
dificuldade dos governos locais de realizar as intervenções previstas na Matriz
de Responsabilidades. Todavia, segundo a nota, “os governos estaduais e
municipais se comprometem a entregar as obras em prazos anteriores ao evento”.
Dos
investimentos do governo federal previstos na Matriz de Responsabilidade, R$
5,34 bilhões provêm de financiamentos da Caixa Econômica Federal e R$ 1,2
bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As
contrapartidas envolvem R$ 1,4 bilhão dos municípios e R$ 2,9 bilhões dos
estados.
Segundo
Valmir Campelo, após efetivadas as transferências financeiras das instituições
federais para os cofres estaduais ou municipais, “o dinheiro incorpora-se ao
tesouro daqueles entes. Cabe ao TCU, nesses casos, fiscalizar somente a
regularidade das operações de financiamentos, que não devem alimentar
empreendimentos superfaturados ou que apresentem desvios aos preceitos
fundamentais de moralidade e eficiência”.
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