Os brasileiros que vão trabalhar no exterior como
modelos, jogadores de futebol, professores de dança, capoeiristas e cozinheiros
são os mais vulneráveis a golpes de quadrilhas de tráfico de pessoas. O
Itamaraty fez um levantamento nos últimos três anos e verificou casos em que o
sonho de trabalhar em outros países virou uma armadilha. Para alertar sobre o
problema, o Ministério das Relações Exteriores lançou ontem (29) uma cartilha
com orientações para o trabalho no exterior destinado a esses profissionais.
Daniella Jinkings
- Agência Brasil
Muitos deles são usados por pessoas de má-fé com promessas
de trabalho digno e bons salários. No entanto, acabam explorados e muitas vezes
se tornam imigrantes ilegais. Geralmente esses profissionais são jovens entre
18 e 20 anos, a maioria de cidades pequenas do interior do Brasil, que vão para
países do Oriente Médio, Extremo Oriente e Ásia.
De acordo com a chefe do Departamento Consular e de
Brasileiros no Exterior, ministra Maria Luiza Lopes, muitos brasileiros deixam
o país sem contrato assinado. Mas, ao assinar o documento em um idioma que não
dominam, se comprometem com jornadas excessivas de trabalho, salários baixos e
altas taxas de alimentação e moradia. Para a diplomata, tais condições
caracterizam o tráfico de pessoas.
“Essas pessoas ficam à mercê do empregador e em situação de
inferioridade. O passaporte e os documentos ficam retidos com a organização.
Com isso, vai se criando uma situação que configura o tráfico de pessoas”,
disse.
Segundo Maria Luiza Lopes, o objetivo do governo é alertar
os jovens profissionais para “evitar cair nessas armadilhas”. Nos últimos três
anos foram registados 100 casos de tráfico de pessoas com essas
características. A diplomata acredita que esse número pode ser bem maior, pois
são poucas as pessoas que entram em contato com os consulados e as embaixadas
para denunciar esse tipo de exploração.
“O levantamento que fizemos mostrou a ponta do iceberg.
Isso ocorre muito em países onde a comunidade brasileira é pequena. Muitos não
procuram o governo, conseguem resolver com a família e voltam para o Brasil”,
declarou.
A cartilha contém parte das regras dos países, ensinando
como deve ser um contrato de trabalho e como os consulados brasileiros podem
orientá-los. Ela também traz uma lista de contatos úteis que podem ajudar esses
profissionais brasileiros. O livreto será distribuído nas redes de ensino, em
clubes de futebol, entre profissionais de moda e em cidades do interior do
país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário