As principais lideranças responsáveis pela organização
da Cúpula dos Povos, reunião de movimentos populares paralela à Conferência das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), divulgaram ontem
(13) um documento condenando o conceito de economia verde, defendido por
integrantes de governos que participarão da Rio+20, que ocorrerá em junho no
Rio.
Vladimir Platonow
- Agência Brasil
O documento critica, em três páginas, o foco das
discussões em torno da Rio+20, que não estaria tocando nas questões
fundamentais da crise global, que na visão dos participantes da Cúpula dos
Povos, “ é o capitalismo, com suas formas clássicas e renovadas de dominação,
que concentra a riqueza e produz desigualdades sociais”.
Os organizadores elaboraram o documento durante encontro
internacional no Rio e divulgaram o conteúdo em coletiva de imprensa. A
mexicana Silvia Ribeiro, diretora da organização ETC, dedicada a temas
agroalimentares, disse que a economia verde é um nome enganoso.
“Muitos creem que é algo positivo, mas é um disfarce para
mais negócios e mais exploração dos ecossistemas. O outro aspecto é que eles
querem se apropriar da natureza usando tecnologias perigosas, como os
transgênicos e a biologia sintética. É uma solução falsa dizer que vai se
resolver tudo com tecnologia, em vez de se ir às causas para baixar as emissões
do efeito estufa, os padrões de produção e o consumo”, criticou Silvia.
A canadense Nettie Wiebe, produtora de alimentos orgânicos
e ligada à Via Campesina, alertou para o perigo de se liberar as sementes de
tecnologia terminator, que geram plantas modificadas geneticamente para serem
inférteis, forçando agricultores a comprarem novas sementes a cada safra.
Segundo ela, apesar de haver embargo internacional contra esse tipo de semente,
grupos internacionais do agronegócio estão interessados em patrocinar sua
liberação.
A norte-americana Cindy Wiesner, dirigente da organização
Grassroots Global Justice Alliance, criticou a provável ausência do presidente
Barack Obama na Rio+20.
“Historicamente somos o país que mais destrói o planeta e
temos uma responsabilidade muito grande de oferecer outras práticas. Mas o que
vemos, com a ausência do presidente Obama, é que ele não se importa com isso. É
uma pena que não venha, pois seria uma oportunidade para ouvir milhões de
pessoas que querem uma alternativa”, disse a americana.
Outro ponto destacado no documento da Cúpula dos Povos é a
luta contra a sanção do projeto original do Código Florestal, conforme aprovado
pelo Congresso e que agora depende da decisão da presidenta Dilma Rousseff em
modificar ou não a matéria através de veto. "Conclamamos todos os povos do
mundo a apoiarem a luta do povo brasileiro contra a destruição de um dos mais
importantes quadros legais de proteção às florestas [Código Florestal], o que
abre caminhos para mais desmatamentos em favor dos interesses do agronegócio e
da ampliação da monocultura", assinala trecho do documento.
Mais informações sobre o encontro da Cúpula dos Povos, que
vai acontecer de 15 a 23 de junho, podem ser acessadas na página www.cupuladospovos.org.br.
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