Nikolas Marandzidis, professor de História Política da
Universidade da Macedônia, na Grécia, é um dos intelectuais do país chocados
com a rápida ascensão de extremistas, em particular da extrema-direita
neonazista.
O Globo
Em entrevista ao GLOBO, ele não mediu palavras: a Grécia
está no caminho de uma República de Weimar, instalada na Alemanha após a
Primeira Guerra Mundial em meio a uma grave crise econômica e que levou à
ascensão, em 1933, do Partido Nazista e de Adolf Hitler. Austeridade na
Europa: o que isso significa para as pessoas comuns?
Segundo ele, o extremismo grego tem hoje muito mais que os
7% de votos obtidos nas eleições parlamentares, no último domingo, pelo partido
neonazista Aurora Dourada.
Como um país que foi berço da democracia chegou à
situação atual, com uma extrema-direita nazista com sucesso nas eleições.
A primeira razão é a crise econômica profunda. Outra razão
é a crise de legitimidade do sistema político. Há uma década estamos vendo que
uma grande parte da sociedade está contestando as elites políticas, vistas como
corruptas e incompetentes. A terceira razão é a existência de uma linguagem
nacionalista, populista e demagoga que ultrapassa a barreira da extrema-direita.
Esta linguagem, que culpa ocidentais, bancos, a Alemanha e os capitalistas,
levou parte da sociedade a votar num partido nazista. Se somarmos todos os
outros partidos extremistas e demagogos, os 7% de voto para a extrema-direita
sobem para entre 20% e 25%.
Então o extremismo na Grécia é muito maior do que 7%?
Sim. Não é um fenômeno novo. Tivemos uma extrema-esquerda
forte por décadas. Agora temos outro extremo, de direita. Podemos dizer que
estamos verdadeiramente no período Weimar. É terrível e chocante dizer isso.
Mas sinto que estamos caminhando para uma espécie de repetição de Weimar, com
dois extremos muito fortes, os partidos de centro enfraquecidos, e ao menos
metade da sociedade sem acreditar nos valores liberais e democráticos.
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