Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor
Passados os momentos de “glória” para uma delatora
premiada, ficou na população, não mais a indignação, mas a revolta.
Esse sentimento foi alargado na triste semana que começou,
com um movimento paredista que jamais assisti com efeitos tão nefastos para a
população, pois sequer foram respeitados os percentuais mínimos exigidos pela
legislação para alentar a sociedade trabalhadora com alguma perspectiva de ida
e volta ao seu lar após um dia estafante de trabalho.
Diante desse desrespeito à lei federal, vimos apenas a
intolerância da Prefeitura de Natal em não arredar pé para estudar a majoração
da tarifa, sem ofertar outra solução e a Justiça do Trabalho impondo multa a um
Sindicato e ameaçando de prisão o seu Presidente.
E o povo?
Não bastasse isso, tivemos uma série de notícias
negativas, como a questão do prejuízo para a pecuária do Estado, mercê da falta
de ação do Estado no controle da vacinação; o gado morrendo de sede no sertão,
enquanto protocolos são celebrados com pompas para estudar uma possível solução
a longo prazo; a polícia desaparelhada, porque os veículos locados, à falta de
pagamento, foram recolhidos pela locadora; crise no setor turístico, cuja Pasta
está sem comando; magistrados da vara da infância e juventude atordoados com a
falta de providências para a solução de internamento de menores infratores.
Presídio há mais de dez dias sem energia elétrica.
Outra greve é iniciada, como a dos ferroviários de Natal.
Continuam sem controlador as Pastas da Secretaria de Justiça e da Saúde,
ampliando o problema dos presídios e hospitais. Fim de Semana registra 14
mortes na capital. Maioria dos prefeitos atrasa processo sobre emergência. A
Semana do Museu tem 90% da programação prevista cancelada.
O tempo vai passando. E o povo?
A dinheirama gasta no projeto da Arena das Dunas está
ameaçada – Para a Fifa, o atraso da obra é de “alto risco”. Mas o governo
discorda. Quem está com a verdade?
Uma manchete amplia a descrença: “Precatórios: Tribunal de
Justiça do RN tranca as portas depois de assalto consumado.” (Marcos Sá, JH
15.5).
Cheques sem fundo em São José de Campestre;
superfaturamento em bandas pagas pela Prefeitura de Macau; Guamoré gasta
milhões com festa, apesar da situação de emergência.
E o povo?
O Estado, em sua concepção estrita, é uma Entidade criada
pelo povo para lhe dar garantias de uma sobrevivência condigna. Dessa forma, a
criatura é refém do criador – o povo. Quando o Governo não atende a vontade do
criador, está na hora de uma revisão de conceitos.
Em razão disso, a nossa Carta Política vigente, em seu
art. 34, prevê a figura da “intervenção”, enumerando as hipóteses possíveis –
quando, por exemplo, não estiver sendo provida a execução de lei federal, ordem
ou decisão judicial; para assegurar princípios constitucionais, como “direitos
da pessoa humana”; na falta de recursos para manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Alguma coisa tem que ser feita a fim de que o povo não procure
resolver os seus problemas com suas próprias mãos!
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