O Globo
O relatório final do BEA (Escritório de Investigações e
Análises, na sigla em francês) sobre a queda do voo AF 447 apontou que os
pilotos não compreenderam a tempo que o avião perdera sustentação após um
procedimento equivocado do copiloto mais novo, e que isso levou à queda do
avião. A informação foi divulgada neste sábado pelo site G1.
O acidente com a aeronave da Air France que fazia o
trajeto Rio-Paris matou 228 pessoas. Segundo o relatório, que já teria sido
entregue às autoridades brasileiras e que deve ser divulgado oficialmente em 5
de julho, os pilotos ainda tentaram, nos minutos finais, impedir a tragédia.
Mas a aeronave já estaria em velocidade tão baixa que foi impossível reverter a
queda do Airbus A-330.
Segundo o G1, o relatório do BEA indica ainda que a
disposição de informações no painel e o design da cabine da aeronave
contribuíram para dificultar que a tripulação identificasse a ação errada do
copiloto menos experiente.
O relatório afirmaria também que o comandante deixou o
posto para ir dormir pouco antes de a aeronave entrar em uma tempestade. E que
ele não fez uma divisão clara de tarefas entre os copilotos.
Durante a passagem pela tempestade, a baixa temperatura
externa congelou os sensores pitot e bloqueou a medição de velocidade. Sem
informações corretas, o Airbus teria saído do piloto automático. Assim, o
copiloto mais novo assumiu os comandos e, em uma atitude equivocada, elevou o
bico da aeronave, fazendo o alarme de estol (perda de sustentação) tocar.
Com o procedimento de subida, o avião perdeu ainda mais
velocidade e começou a perder sustentação. A ação correta seria jogar o bico do
Airbus para baixo, para ganhar velocidade e sustentação. O alarme de estol
tocou mais de 70 vezes.
De acordo com o G1, o BEA revela no relatório que nenhum
dos pilotos havia recebido treinamento em caso de perda de sustentação de
Airbus em alta altitude e sem informações confiáveis de velocidade. O copiloto
mais experiente chegou a dar, em alguns momentos, a ordem para que o colega
tomasse a atitude correta, mas não se deu conta da ação equivocada do
companheiro.
Ao ser chamado pelo copiloto mais experiente, o comandante
retornou à cabine cerca de três minutos após a queda do piloto automático. Ele
não entendeu o que ocorria e não tomou nenhuma atitude, diz o relatório. Menos
de um minuto depois, o Airbus chocou-se com a água. Em nenhum momento os
passageiros teriam sido avisados sobre o problema.
Procurado pelo GLOBO, Nelson Marinho, presidente da
Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 e pai de uma das vítimas,
afirmou que não tomou conhecimento do relatório da BEA:
— Recebi um comunicado de que o relatório será divulgado
até julho. De qualquer maneira, acreditamos que o que causou o acidente foi um
problema mecânico.
O documento do BEA teria sido encaminhado também às
autoridades dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário