As brasileiras estão poupando para consumir, aponta
pesquisa do instituto Data Popular, divulgada ontem (2). O estudo mostra que
35% das mulheres guardam dinheiro, mas apenas 3,4% delas utilizam as reservas
para fazer investimentos lucrativos. Mais da metade (57%) usa o dinheiro para
investimentos pessoais ou para fazer compras à vista.
Camila Maciel da Agência Brasil
Por outro lado, também é alto o percentual de mulheres que
poupam por razões de segurança financeira, 39,6% do total. Foram entrevistadas
15 mil mulheres em todo o país, no primeiro trimestre de 2012.
De acordo com Renato Meirelles, diretor e sócio do
instituto, é preciso entender que o consumo também é visto como uma forma de
investimento lucrativo para as mulheres da nova classe média brasileira.
“Quando a mulher paga a educação do filho, ou dela mesma, ela sabe que, a médio
prazo, isso vai representar um aumento na renda. Cada ano de estudo implica em
um aumento de 15% no salário médio dessas mulheres”.
O Data Popular utiliza o parâmetro para definição de
classes sociais da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal. Por
esse critério, a nova classe média compreende as famílias com renda per
capitaentre R$ 291 e R$ 1.019.
A pesquisa aponta que as áreas de maior consumo são
educação, beleza e produtos de informática. Na avaliação de Meirelles, até
mesmo a compra de produtos de beleza adquiriu outro sentido para essas
mulheres. “Deixou de ser um produto supérfluo, passou a ser visto como
investimento, na medida que muitas trabalham em profissões de atendimento ao
público”.
O estudo mostra, ainda, que as mulheres estão otimistas em
relação aos seus rendimentos: 61,9% acreditam que a renda delas será melhor até
o começo de 2013. As pessimistas somam 3,6%, enquanto 34,5% avaliam que os
rendimentos vão permanecer iguais. “Há três anos, as otimistas representavam
menos de 40%”.
Segundo o Data Popular, nos últimos dez anos, houve um
aumento de 80% no número de brasileiras com carteira assinada. Por outro lado,
o número de mulheres com idade economicamente ativa cresceu apenas 19%. “Quando
começamos a estudar a nova classe média, percebemos que as mulheres estavam
impulsionando o crescimento do consumo e da renda”.
O instituto divulgou, ainda, que as mulheres movimentarão
R$ 738 bilhões este ano. “Isso é mais do que o PIB [Produto Interno Bruto] de
muitos países, como a Argentina, por exemplo”, comparou o diretor. Para ele,
esse número explica, por exemplo, o fato de que 84,6 milhões de cartões de
crédito estão nas mãos das brasileiras.
Meirelles pondera, no entanto, que há usos diferenciados
para o cartão. “As mulheres da elite utilizam como meio de pagamento, porque
não gostam de andar com dinheiro ou com cheque. Para as mulheres da nova classe
média, o cartão é um instrumento de financiamento. Ela tenta o desconto à
vista, e se não consegue, parcela no maior número de vezes possível sem juros”.
A pesquisa mostra também que 19% das brasileiras com
cartão de crédito possuem programas de milhagem. “Essa mulher é tão inteligente
que arrumou uma forma de poupar dinheiro gastando”, destacou Meirelles.
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