A Federação Internacional de Futebol (Fifa) divulgou
ontem (11) documento comprovando que o ex-presidente da entidade João Havelange
e o ex-dirigente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira
receberam uma soma equivalente a R$ 45 milhões em propinas.
Da BBC Brasil
Segundo o documento, de 1992 a 1997, Teixeira recebeu pelo
menos 12,74 milhões de francos suíços (equivalentes a R$ 26 milhões, nos
valores de conversão atual) da empresa de marketing esportivo ISL
(International Sports and Leisure), que pediu falência no ano passado. De
acordo com o documento, Havelange recebeu 1,5 milhões de francos suíços (R$ 3,1
milhões) em 1997.
Pagamentos feitos entre 1992 e 2000 e atribuídos a contas
relacionadas aos dois totalizam quase 22 milhões de francos suíços (R$ 45
milhões). A Fifa divulgou os documentos horas depois de a Suprema Corte Suíça
ter decidido que a imprensa deveria receber detalhes do caso. Teixeira e
Havelange foram os dois únicos ex-dirigentes da entidade cuja identidade foi
revelada.
Em nota divulgada também hoje, a Fifa expressa
"satisfação" com a decisão da Justiça suíça e diz que está de acordo
com o processo de reformas iniciado pela instituição no ano passado, para
torná-la mais transparente. Em março, Teixeira deixou o Comitê Executivo da
Fifa e a presidência da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. A
gestão de Teixeira na CBF foi marcada por denúncias de irregularidades.
Em 2010, uma reportagem do programa de
televisão Panorama, da BBC, revelou que a Fifa impedia a divulgação de um
documento que revelaria a identidade de dois dirigentes da entidade forçados a
devolver dinheiro de propinas em um acordo para encerrar uma investigação
criminal na Suíça. Segundo o programa, um dos dirigentes era Teixeira e o
outro, Havelange, informações confirmadas no documento de hoje.
O acordo encerrou uma investigação sobre propinas pagas a
altos dirigentes da Fifa na década de 1990 pela ISL. Até a falência, no ano
passado, a ISL comercializava os direitos de televisão e anúncios publicitários
da Copa do Mundo para anunciantes e patrocinadores.
Em 27 de dezembro de 2011, a Justiça suíça ordenou que a
Fifa abrisse, em até 30 dias, os documentos do caso ISL, o que não ocorreu.
Também no ano passado, a Polícia Federal brasileira abriu investigação sobre a
denúncia.
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