Novo estudo antropológico revela que rede, na atual
Guatemala, incluía barragens, reservatórios, canais de distribuição e até
mecanismos de filtragem
Por Daniela Frabasile
Novos estudos sugerem que os maias tinham um sistema de
abastecimento e filtragem de água mais complexo do que se imaginava. Cientistas
identificaram uma grande barragem na região de Tikal, na Guatemala, parte da
rede que provavelmente possibilitou o estabelecimento em uma área onde o clima
é conhecido por apresentar seis meses de enchentes e seis de seca.
Tikal é uma das maiores e mais bem sucedidas entre as
cidades maias, e estima-se que sua população tenha sido de 60 a 80 mil pessoas.
Há pouco tempo, apesar de saberem muito sobre a cultura e modo de vida na
região de Tikal, os cientistas não estavam certos sobre como os moradores da
cidade gerenciavam o uso e distribuição da água.
Para sustentar um assentamento com as proporções de Tikal
por quase mil anos, seria necessário um sistema complexo de coleta e uso da
água, e isso foi descrito pelo antropólogo Vernon Scarborough e sua equipe em
um paper publicado nessa semana na revista Proceedings of the National Academy
of Sciences.
Há vinte anos, Scarborough começou a estudar os mapas de
Tikal e teve a ideia “razoavelmente hipotética” de que os maias poderiam ter
controlado a água. No estudo, ele descreve uma sucessão de barragens e
reservas, além de um sistema rudimentar de filtragem da água, que usava areia
de quartzo.
O fato de a fonte mais próxima de areia se encontrar a
mais de 30 quilômetros de distância sugere que os maias tinham a consciência de
que, para usar a água armazenada, era preciso mantê-la limpa. Caixas contendo a
areia de quartzo eram colocadas na entrada de alguns reservatórios. A água
armazenada nos reservatórios sem o sistema de filtragem provavelmente era usada
na agricultura.
Os reservatórios eram feitos nas pedreiras usando os
buracos deixados onde haviam retirado imensas pedras para a construção de
templos. Situavam-se em diferentes níveis, para que pudessem direcionar a água
para qualquer lugar que fosse necessário na cidade. Além disso, com a
preocupação de que toda a água fosse levada aos reservatórios, as fendas e
rachaduras nas calçadas e construções eram preenchidas com gesso, com a
finalidade, segundo os autores do paper, de levar toda a água da chuva para os
reservatórios.
Fonte: Blog Coletivo Outras Palavras
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