Por
Leide Franco (@LeideFranco)
Cheguei
a conclusão que ônibus coletivo e filas de banco são lugares de muitas
histórias. Estava na terceira fila de cadeiras da longa espera por um
atendimento bancário. Sobrava uma cadeira ao meu lado. Uma única. De repente,
como se a poltrona de acolchoado azul fosse propriedade sua, nela sentou-se uma
menina linda. Aparentava ter nove anos. Ela era tão linda que parecia ter saído
de um comercial de bonecas.
Carrega
os olhos mais azuis do mundo e os mais vibrantes também. O sorriso era composto
por lindos dentões brancos que quando abertos formavam duas barroquinhas, uma
em cada lado das bochechas cor de rosa. Os cabelos escorriam em cachos dourados
pelos ombros, alcançando a cintura. Nunca vi igual.
Estranhei.
Perguntei:
-
Você está sozinha aqui?
-
Não. Vim com minha avó. Aquela que está ali falando com aquele homem de camisa
azul, apontou com o dedo indicador esticado.
Coincidentemente
muitos homens vestiam camisas azuis – quero dizer, azuis falsos, uma imitação
barata do azul, pois todo o azul verdadeiro estava preso dentro dos seus olhos
hip-no-ti-zan-tes. No mínimo eles roubaram o azul do mundo. Todo o resto era um
meio azul.
Como
é seu nome? Perguntei.
Luiza,
ela disse. Não, é Maria Luiza, consertou. Maria por causa da minha avó e Luiza
era o nome da minha mãe, respondeu com essa frase pronta há anos.
Era
da sua mãe? Indaguei.
Sim.
Confirmou.
Mas
por que era? Importunei.
Porque
era. Ela morreu.
Calei.
Morreu
quando eu nasci. Continuou ela interrompendo meu silêncio.
Ah,
morreu de parto? Questionei.
Foi.
Minha avó diz que foi Deus quem quis assim. Ela diz que ela é como Jesus.
Morreu para me salvar.
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