Nova onda é esperada para os próximos 18 meses; marcas
estão de olho na classe média emergente e acirram concorrência
Érica Polo - Brasil Econômico
Os varejistas brasileiros devem ficar atentos a uma nova
onda de desembarques de redes estrangeiras no país. Pelo menos 40 delas — de
origem coreana, japonesa, americana, canadense, mexicana e outras — deverão
fincar bandeiras por aqui nos próximos dezoito meses, estima Marcos Hirai,
sócio-diretor da BG&H. Nesse meio, há o que existe de mais variado para
gostos e bolsos: desde jeans, roupas em geral, presentes, fast foods a
especialistas em algodão doce e pipocas sofisticadas. Mais do que volume,
também chama a atenção o perfil dos empreendedores.
“Estamos vendo uma nova onda de empresas interessadas no
Brasil e cresceu significativamente o número das que são voltadas às classes
populares”, avalia Hirai. “Recebemos consultas semanais. Talvez o movimento
reflita o sucesso das que se arriscaram primeiro.”
Sem revelar ainda nomes dos concorrentes que rondam o
mercado nacional, o executivo alerta para os efeitos dessa nova leva de
empreendedores. Entre os beneficiados está o consumidor, que vai encontrar
produtos e serviços diferenciados no universo varejista brasileiro, um gigante
que movimentou vendas da ordem de R$ 749 bilhões no ano passado. Fornecedores
também entram nessa lista.
Já na lista das consequências negativas está o aumento da
disputa pelos pontos comerciais, sobretudo em capitais como São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. Nos últimos três anos, aliás, espaço tem sido um item
da lista que tem custado cada vez mais caro aos empreendedores pela alta
demanda, a ponto de atrasar inaugurações. Desde 2010, somente na capital
paulista, os preços dos aluguéis comerciais dispararam média de 45%.
A variação é reflexo do próprio interesse estrangeiro pelo
país. Nos dois últimos anos, cerca de 35 redes de fora fizeram estreia no
Brasil. Entre os mais recentes estão os espanhóis da Charanga, marca de roupas
infantis, os italianos da Intimissimi, de lingeries, a Sukiya, uma espécie de
Habib's do Japão (pelo modelo de negócios: refeição rápida a baixo custo), os
portugueses da hamburgueria h3, as montadoras chinesas JAC Motors e Chery, a
lanchonete americana Quiznos — similar ao Subway — para citar poucos nomes.
Muitos desses empresários têm sido meticulosos na hora de
pesquisar o mercado brasileiro, diz Hirai. “Embora o Brasil seja a cultura mais
fácil de trabalhar entre os países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), não é
simples assim fazer sucesso. Há sempre o risco de o cliente não se adaptar a um
produto ou serviço.” Para o executivo, a nova leva de empresas que vem por aí
deverá afetar o cenário de varejo no Brasil. “Como chegam cada vez mais marcas
populares, se verá concorrência acirrada em todas as esferas, entre empresários
de grande, pequeno ou de médio porte.”
Entre as promessas de desembarque para 2013 está a da rede
sueca H&M, a segunda maior varejista de vestuário do mundo atrás da Zara. A
intenção da companhia seria abrir pelo menos 30 lojas de uma só vez, com foco
nas grandes capitais.
Segundo fontes próximas do varejo, ainda em vestuário, a
alemã Peek & Cloppenburg (P&C), a inglesa Debenhams e a espanhola El
Corte Inglés também mostraram interesse em desembarcar no Brasil.
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