Os brasileiros estão mais conscientes sobre a
importância do meio ambiente do que há 20 anos. Na comparação entre os
primeiros e últimos resultados, divulgados em junho, a pesquisa O Que o
Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável, realizada desde
1992, mostrou que a consciência ambiental no país quadruplicou.
Agência Brasil
As versões do levantamento mostram, que enquanto na
primeira edição, que ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, 47% dos entrevistados não sabiam
identificar os problemas ambientais. Este ano, apenas 10% ignoravam a questão.
Na média nacional, 34% sabem o que é consumo sustentável
atualmente. “Esta é uma pesquisa que mostra claramente tendências”, explicou a
secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do
Meio Ambiente, Samyra Brollo de Serpa Crespo.
Nessa projeção, a população da Região Sul mostrou-se mais
engajada ambientalmente. Mais da metade dos sulistas sabem o que é consumo
sustentável. “A diferença do Sul é impressionante em termos dos mais altos
índices não só de acertos mas de atitudes corretamente ambientais”, disse.
Ao longo de duas décadas, os mais jovens e os mais velhos
são os que menos conhecem a realidade ambiental, mas a consciência aumentou. Há
20 anos, quase 40% dos entrevistados entre 16 e 24 anos não opinaram sobre
problemas ambientais, assim como mais de 60% dos brasileiros com 51 anos ou
mais. Este ano, as proporções caíram para 6% entre os jovens e 16,5% entre os
mais velhos.
“ Isso tende a mudar ainda mais, porque agora temos todo
um trabalho de educação ambiental nas escolas, o que vai refletir nas faixas
seguintes ao longo dos anos”, disse Samyra, acrescentando que o nível de
consciência ambiental “cresce à medida que a população é mais informada e mora
em áreas urbanas, porque significa acesso à informação. E, na área rural, ainda
há o habito de queimar o lixo”.
Atitudes ambientalmente corretas
Samyra afirma que os resultados mostram que a população,
além de mais consciente, mostra maior disposição em relação a atitudes
ambientalmente corretas e preocupação com o consumo.
A questão relacionada ao lixo, por exemplo, é um dos
problemas que mais ganhou posições no ranking dos desafios ambientais
montado pelos brasileiros. O destino, seleção, coleta e outros processos
relativos aos resíduos que preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992,
agora são alvos da atenção de 28% das pessoas.
Este ano, 48% dos entrevistados, principalmente nas
regiões Sul e Sudeste, afirmaram que fazem a separação dos resíduos nas
residências. “Muitas vezes a disposição da população não encontra acolhimento
de politicas públicas. Muitas vezes o cidadão separa em casa e a coleta do lixo
vai e mistura os resíduos”, disse a secretária.
Na análise geral do país, os índices ainda são baixos,
sendo que menos de 500 municípios têm coleta seletiva implantada. Enquanto a
separação do lixo é um habito de quase 80% das pessoas que vivem na Região Sul
atualmente e de mais da metade dos moradores de cidades do Sudeste. No Norte e
Nordeste, mais de 60% não separam resíduos.
Entre os problemas ambientais apontados, o desmatamento
das florestas continua no topo da lista elaborada pelos entrevistados. “A
preocupação com rios e mares [que continua na segunda posição do ranking]
se eleva a partir de 2006. Já é impacto da Politica Nacional de Resíduos
Sólidos [criada em 2010]”, disse ela.
“O bioma Amazônia continua sendo considerado o mais ameaçado
na opinião das pessoas”, disse Samyra Crespo, comparando as edições da
pesquisa. Em 2006, por exemplo, 38% dos entrevistados estavam dispostos a
contribuir financeiramente para a preservação do bioma. Este ano, o índice
cresceu para 51%.
Samyra Crespo ainda aposta que a Política Nacional de
Resíduos Sólidos vai provocar mudanças econômicas, criando um ambiente de
estímulo à reciclagem. “Temos que trabalhar tanto na desoneração da cadeia
produtiva, como com a conscientização ambiental. Os produtos corretos concorrem
hoje nas mesmas condições”, disse ela, acrescentando que “não é tão simples
porque você trabalha toda a cadeia do produto e temos poucos estudos de ciclos
do produto”.
No decorrer dos últimos vinte anos, a população também
mudou a forma como distribui as responsabilidades sobre meio ambiente. “Em
1992, o governo federal era o maior responsável. Isso vai diminuindo e a
responsabilidade foi sendo atribuída às prefeituras. Continua a tendência a
achar que é o governo [federal], mas cada vez mais o governo local é
priorizado”, disse Samyra Crespo.
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