A economia brasileira deve continuar com ritmo de
crescimento moderado por algum tempo, disse ontem (9) o coordenador da
Área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação
Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar Pinheiro. Segundo ele, os estímulos
dados recentemente pelo governo, entre os quais a queda dos juros, “em algum
momento”, vão fazer com que a economia acelere. “Mas ainda não está claro
quando isso vai acontecer”, ressaltou o economista.
Agência Brasil
Para ele, o país terá de enfrentar desafios médio e longo
prazos, como o crescimento da força de trabalho, que ocorrerá de forma mais
lenta por causa da transição demográfica e pelo fato de a taxa de desemprego já
estar baixa. Isso fará com que a economia dependa mais do aumento de
produtividade e de novos investimentos. Além disso, a discussão precisa ser
focada em um maior período, os próximos cinco ou dez anos, e não o próximo
trimestre, disse Castelar.
Na opinião do economista, o Brasil avançou muito, o que
pode ser comprovado por fatores como a queda da dívida pública, a política
fiscal saudável e a redução da vulnerabilidade externa. “O Brasil é
credor líquido. Tem mais reservas do que dívida externa, a taxa de juros já
está em um patamar muito mais baixo”, ressaltou Castelar, ao apontar os bons
fundamentos da economia do país.
Castelar considera prioritárias a infraestrutura e a
educação. “O potencial do Brasil na América Latina é muito bom, mas é preciso
fazer o dever de casa, que está colocado.” De acordo com ele, a crise
internacional canalizou as atenções globais para a Europa, os Estados Unidos e
a China, o que resultou em “discussões de menos sobre a América Latina”. O
economista falou à Agência Brasil antes da abertura de um seminário
promovido pelo Ibre para discutir a economia da região. O evento vai até amanhã
(10).
Na opinião de Castelar, pela importância da América
Latina, os debates têm de ser voltados para a região. “Entender o que está
acontecendo na América Latina é importante para entender o Brasil.” Muito do
que ocorreu no Brasil nos últimos anos repete-se agora em outros países
latinos, como a aceleração do crescimento, queda do desemprego e a
redução das desigualdades, lembrou. Ele apontou a diferença entre as políticas
adotadas pelos países latino-americanos: enquanto o Chile, a Colômbia, o Peru e
o México seguem um modelo mais liberal, a Argentina, a Venezuela, a Bolívia e o
Equador optam por um Estado mais intervencionista.
“O Brasil está no meio. Nem em um grupo, nem em outro”,
disse o economista.
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