Os funcionários públicos têm salários acima da média
brasileira, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maior parte dos
trabalhadores no país, de acordo com a última Relação Anual de Informações
Sociais (Rais), de 2010, ganha R$ 1.742 por mês, em média. Trabalhando para o
governo, o valor médio do salário sobe para aproximadamente R$ 2.458, o que
representa 41,1% a mais.
Agência Brasil
Entre as categorias de ocupação, de acordo com o IBGE, os
funcionários públicos foram os que tiveram o rendimento médio real mais alto em
maio de 2012, R$ 2.993. Trabalhadores do setor privado, com e sem Carteira de
Trabalho, ganharam entre R$ 1,5 mil e R$ 1,2 mil, respectivamente. Os autônomos
tiveram rendimento de R$ 1,5 mil no mesmo período. Essa diferença salarial
segue o mesmo padrão desde maio de 2011.
Nos grupamentos de atividades, conforme o IBGE, os
serviços tradicionalmente prestados pela administração pública aparecem como os
mais bem remunerados. Funcionários das áreas da saúde, da educação, de serviços
sociais, da defesa e seguridade social tiveram rendimento médio de R$ 2.391 em
maio deste ano. Os serviços domésticos e o comércio, por outro lado, são os
setores que registraram os rendimentos mais baixos, R$ 701 e R$ 1,3 mil,
respectivamente.
Entre as unidades da Federação, o Distrito Federal
registra o salário médio mais alto, R$ 3.713, alavancado pela quantidade de
servidores públicos, segundo a Rais. O estado com o rendimento médio mais baixo
é Alagoas (R$ 1.285), seguido pela Paraíba (R$ 1.304) e pelo Piauí (R$ 1.311).
Desde 2004, houve 133% de aumento na folha de pagamento
dos servidores federais, de acordo com oBoletim Estatístico de Pessoal do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog). De R$ 64,7 bilhões
em 2003, os gastos com salários subiram para R$ 151 bilhões no final de 2011.
Há quase três meses cerca de 30 setores do funcionalismo
público federal estão em greve, reivindicando aumento de salários. Os setores
paralisados ainda estão em processo de negociação com o governo. Segundo
argumentou o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, todas as carreiras
do serviço público federal nos últimos dois anos tiveram ganho real nos
salários acima da inflação do período.
“Algumas [carreiras] chegaram a ter ganho real de mais de
100% acima da inflação nos últimos dez anos. É o que diz a presidenta Dilma
Rousseff, que neste momento de crise financeira internacional em que o
Estado brasileiro busca medidas para amenizar os efeitos, a preocupação
principal é a manutenção dos postos de trabalho daqueles que não têm
estabilidade”, disse o ministro. Ele informou que apesar disso, o governo
reconhece a natureza e a legitimidade dos movimentos reivindicatórios e irá
tratar as propostas caso a caso.
Para o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores
do Serviço Público Federal (Consef), Josemilton Costa, apesar de os salários
serem mais altos, os servidores têm menos garantias caso sejam exonerados. Daí
a necessidade de revindicar os aumentos.
“Nós não temos negociação coletiva, Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), pagamento de hora extra, data-base (renegociação
de contrato) ou participação nos lucros. Se o PIB [Produto Interno Bruto]
aumenta, não temos participação. Se amanhã for exonerado, vou com uma mão na
frente e a outra atrás”, explicou Costa.
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