Neste mês de agosto foi divulgada a atualização do Mapa
da Violência 2012, com informações sobre homicídios de mulheres no Brasil. O
documento, de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz com o apoio do Centro Brasileiro
de Estudos Latino-americanos (Cebela) e da Faculdade Latino-americana de
Ciências Sociais (Flacso), foi produzido para somar esforços no enfrentamento à
violência contra a mulher.
Fonte: Adital
"O Mapa é um grito de alerta para as autoridades brasileiras.
É uma forma de mostrar que o problema é mais grave do que o que se imaginava”,
aponta o autor do documento.
O Mapa da Violência atualizado incorporou dados de
homicídios e de atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), que no relatório
anterior eram preliminares. O documento oferece informações de 1980 a 2010
sobre casos de assassinatos de mulheres, detalha a faixa etária das vítimas, os
locais onde os crimes acontecem, os principais tipos de armas usadas e os
estados brasileiros com as taxas mais elevadas de homicídios de mulheres.
Entre os dados mais relevantes, Jacobo destaca o
crescimento dos assassinatos de mulheres após 2010. "Mecanismos como a Lei
Maria da Penha ainda não estão dando o resultado pretendido. Os esforços ainda
são insuficientes para estagnar a espiral de violência contra a mulher”,
denuncia o autor do Mapa da Violência, apelando para que se redobrem os
trabalhos e esforços.
A gravidade deste problema está marcada também no contexto
internacional. Em uma lista com 84 países, o Brasil está em 7º lugar nas taxas
de homicídio feminino (4,4 em 100 mil mulheres) e perde apenas para El Salvador
(10,3), Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9), Rússia (7,1), Colômbia (6,2)
e Belize (4,6).
"Há uma falta de consciência com relação ao problema
e existe ainda a tolerância institucional que torna a vítima culpada. Existem
mecanismos que justificam os crimes contra as mulheres, como por exemplo, dizer
que algumas mulheres se vestem como vadias e por isso acabam sendo estupradas.
É como se uma dose de violência contra a mulher fosse aceitável e até
necessário”, critica o autor do Mapa.
Mapa da Violência em números
A partir de dados do Sistema de Informações de
Mortalidade, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde -
fonte básica para a elaboração do Mapa - registrou-se o assassinato de 92.100
mulheres no Brasil entre 1980 e 2010, 43,7 mil apenas na última década. O
número de mortes em 1980 passou de 1.353 para 4.465 em 2010, cifras que
representam aumento de 230%.
O Mapa mostra que as maiores taxas de vitimização de
mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com ascendência para a faixa de
20 a 29, que é o que mais cresceu na década analisada. Já no grupo acima dos
30, a tendência foi de queda.
Estas mulheres continuam sendo vitimadas em sua residência
(41%) e o principal instrumento utilizado são armas de fogo. Eles também são
mortas com meios que exigem contato direto, como a utilização de objetos
cortantes, penetrantes, contundentes e sufocação, deixando clara maior
incidência de violência passional.
Os pais são identificados como agressores quase
exclusivamente até os 9 anos das meninas e na faixa dos 10 aos 14, como
principais responsáveis pelas agressões. A partir dos 10 anos, se sobressai a
figura paterna como responsável pela agressão. Já com o passar dos anos, este
papel vai sendo substituído pelo parceiro, namorado ou os respectivos ex, que
predominam a partir dos 20 anos da mulher até os 59. A partir dos 60, os filhos
são os responsáveis pela violência contra a mulher.
No Brasil, o Espírito Santo está no topo da lista de
homicídios femininos. Sua taxa de 9,6 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais
que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa de Piauí, estado com o
menor índice do país.
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