O maior volume de informações gerado a partir de
esforços de governo e da sociedade civil poderá levar à localização dos
desaparecidos políticos durante a ditadura militar. Instrumentos como a
Comissão Nacional da Verdade, o Grupo de Trabalho do Araguaia e até a
participação de ex-colaboradores do regime estão produzindo dados importantes
para viabilizar as buscas.
Agência Brasil
A avaliação é do secretário nacional de Justiça, Paulo
Abrão, que participou ontem (14) da abertura da Conferência Internacional
Memória: América Latina em Perspectiva Internacional e Comparada, que prossegue
até sexta-feira (17) na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ). “Eu estou muito otimista [sobre a localização dos desaparecidos].
Acho que nunca vivemos um momento como este no Brasil. Nós estamos caminhando
para isso. Temos o Grupo de Trabalho do Araguaia, a Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos e agora a Comissão da Verdade”, disse.
Presidente da Comissão de Anistia, Abrão também considerou
receber novas e qualificadas informações de ex-integrantes do regime militar na
busca pelos militantes que desapareceram durante a luta política. Recentemente,
o ex-delegado do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio
Guerra escreveu um livro contando detalhes de como eram torturados os
opositores da ditadura e onde poderiam estar seus restos mortais. “Eu espero
que os gestos destes primeiros possam contaminar os demais para o bem do país”,
ressaltou.
O secretário nacional de Justiça também considerou que é
importante ensinar nas escolas o que ocorreu durante os 21 anos da ditadura,
como forma de resgatar e manter a memória da sociedade sobre o período.
"Hoje as escolas ainda não trabalham bem a história do período de exceção.
Isso faz parte [do processo de construção da memória] e ainda representa uma
falha da nossa democracia, que não pode ser construída sobre as bases do
esquecimento."
O programa completo da conferência internacional pode ser
acessado no endereço www.puc-rio.br. Entre os participantes, estão
especialistas, historiadores e cientistas políticos de vários países latino-americanos.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá participar amanhã (15) à
tarde. No último dia do evento, ocorrerá a 61ª Caravana da Anistia, quando
serão apreciados pedidos de anistia política de vítimas da ditadura militar.
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