Sem fiscalizar ou prestar contas de gastos e atos,
Câmaras custam R$ 9,5 bilhões por ano
Chico de Gois, O Globo
As câmaras municipais, apesar de próximas fisicamente dos
moradores, são o Poder menos transparente, o mais vulnerável à corrupção, o que
menos presta contas aos eleitores e um dos mais caros aos cofres públicos. O
custo dos legislativos nos 5.565 municípios brasileiros ficou em quase R$ 10
bilhões (R$ 9,5 bilhões) em 2011, considerando apenas as despesas declaradas. É
o equivalente a cinco orçamentos anuais do Ministério da Cultura.
E este custo anual poderá ultrapassar os R$ 15 bilhões em
2013, quando um contingente maior de vereadores entrará em cena, e com salários
maiores que os atuais — dinheiro suficiente para pagar por quase um ano os 13
milhões de benefícios do Bolsa Família (R$ 19 bilhões).
Na eleição de outubro, 432.867 candidatos disputam as
57.434 vagas de vereadores. O número de vagas cresceu mais de 10% em relação a
2008 (52.008 vereadores) por força da aprovação de uma emenda constitucional,
cuja validade se aplica agora.
Miniaturas do Congresso, os legislativos municipais, além
de custar caro aos bolsos dos contribuintes e de ter pouca transparência, na
maioria das vezes serve apenas para dizer amém aos planos traçados pelos
prefeitos.
Fiscalizar os atos do Executivo, que seria a principal
tarefa de uma câmara municipal, está apenas na carta de boas intenções. Na
maioria das cidades, os vereadores são cooptados pelo poder local e fazem vista
grossa aos atos e omissões do chefe da prefeitura.
Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG
Transparência Brasil, avalia que a função das câmaras de vereadores foi
esvaziada nas últimas décadas. Justamente por causa da “força” exercida pelo
Executivo:
— Os vereadores não cumprem seu papel, não fiscalizam.
Quem legisla, de fato, é o Executivo. Os prefeitos compram suas bases por meio
da distribuição de cargos — afirma Abramo.
Leia mais em Câmaras: máquinas caras e nebulosas
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