Um levantamento feito pelas universidades de São Paulo
(USP) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou que o custo do trabalho na
China subiu em média 140% entre 2002 e 2008, quando entrou em vigor a atual
legislação trabalhista chinesa. A hora trabalhada no país passou a custar US$
1,36. No entanto, o valor ainda é 23 vezes inferior ao pago nos Estados Unidos
e seis vezes menor que o registrado no Brasil.
Agência Brasil
Apesar do aumento dos custos trabalhistas, a China
continua a ter boa produtividade industrial, o que mostra que o desenvolvimento
do país não está atrelado somente aos gastos com mão de obra, na avaliação do
coordenador da pesquisa e professor da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da USP, Gilmar Masiero.
“A ideia de que o custo da mão de obra por si só explicava
a produtividade chinesa sempre foi um mito, porque temos mão de obra barata na
Bolívia, no Paraguai e não há desenvolvimento nesses países,” argumentou.
Embora muitas empresas, tanto públicas quanto privadas,
tenham deixado a região costeira (fronteira com Hong Kong) para o interior em
busca de reduzir os custos com trabalhadores, a produtividade tem sido
favorecida pelo investimento em tecnologia como, por exemplo, na diversificação
da matriz energética, com opções de exploração da energia solar e eólica,
conforme Masiero.
Em 2009,o número de empregados chineses somava 780
milhões, o equivalente a 58,4% da população, sendo que 311 milhões (40%)
concentravam-se nas zonas urbanas, de acordo com a pesquisa.
Encomendada pelo governo federal, a pesquisa resultou no
livro A Competitividade Industrial Chinesa, em 2009. Segundo o
secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República (SAE-PR), Roger Leal, o Brasil estuda aumentar sua competitividade no
cenário mundial e é necessário conhecer o ambiente da economia chinesa. “Do
ponto de vista da economia internacional não há mais como se pensar as relações
internacionais e a questão da competitividade sem pensar o fenômeno chinês.”
Os dados foram divulgados ontem (4), após encontro sobre a
competitividade da indústria chinesa no século 21, na sede da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nenhum comentário:
Postar um comentário