Em 35 anos o número de calorias que o norte-americano
médio consome em refrigerantes e outras bebidas doces duplicou, fazendo dessa a
maior fonte de calorias na dieta
Reuters
Enquanto os norte-americanos discutem qual é o maior vilão
da epidemia nacional de obesidade, pesquisadores disseram ter encontrado os
mais fortes indícios até agora de que as bebidas açucaradas têm grande
participação nisso, e que eliminá-las seria a mais eficaz ação à disposição.
Três estudos sobre o assunto foram publicados nesta
sexta-feira (21) na revista New England Journal of Medicine.
"Não conheço nenhuma outra categoria de alimentos
cuja eliminação possa produzir perda de peso num período tão curto", disse
David Ludwig, diretor do Centro de Prevenção à Obesidade da Fundação Novo
Equilíbrio, do Hospital Infantil de Boston, que coordenou um dos estudos.
"O mais efetivo alvo individual para uma intervenção
destinada a reduzir a obesidade são as bebidas açucaradas."
Pesquisas anteriores eram mais ambíguas, e os fabricantes
contestam a ideia de que uma só fonte de calorias possa ter tamanha
responsabilidade pela obesidade, que atinge cerca de um terço dos adultos nos
EUA.
"Sabemos, e a ciência ampara, que a obesidade não
está causada unicamente por um só alimento ou bebida", disse em nota a
Associação Americana de Bebidas.
"Estudos e artigos opinativos que focam apenas em
bebidas adoçadas com açúcar ou em qualquer fonte individual de calorias não
fazem nada de significativo para contribuir com essa séria questão."
Na semana passada, a prefeitura de Nova Yorkproibiu a venda de bebida com açúcar em embalagens maiores do que
16 onças (454 gramas) em determinados estabelecimentos.
Dados do governo mostram que, entre 1977 e 2002, o número
de calorias que o norte-americano médio consome nos refrigerantes e outras
bebidas doces duplicou, fazendo dessa a maior fonte de calorias na dieta. A
associação dos fabricantes argumenta que depois disso o consumo caiu, e a
obesidade continuou subindo.
Embora estudos observacionais já mostrassem que
consumidores de bebidas açucaradas têm mais chances de serem obesas, nenhuma
relação de causa-efeito havia sido estabelecida.
Os consumidores dessas bebidas também têm maior tendência
a verem mais TV e comerem mais fast-food, o que abre a possibilidade de que o
açúcar líquido não seja o principal vilão.
Num dos estudos publicados na NEJM, crianças de 5 a 12
anos, com peso saudável, eram induzidas a tomar 250 mililitros de uma bebida
sem gás, que podia ser com açúcar ou adoçada artificialmente.
Ao final de 18 meses, o grupo da bebida sem açúcar havia
ganhado menos gordura corporal, 1 quilo a menos de peso, e 0,36 unidade do
índice de massa corporal do que o outro grupo.
Segundo os pesquisadores, tudo indica que o açúcar na
forma líquida não produz a mesma sensação de saciedade que outras calorias.
"Quando as crianças substituíam (a bebida com açúcar
por) bebida sem açúcar, seus organismos não sentiam a ausência de calorias, e
não as substituíam por outros alimentos e bebidas", disse Martijn Katan,
da Universidade VU, de Amsterdã.
* Por Sharon Begley
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