A redução no número de crianças de 5 a 13 anos que
trabalham no país entre 2009 e 2011 é pouco expressiva e confirma que o Brasil
tem pela frente o desafio de intensificar as políticas públicas voltadas para a
erradicação do trabalho infantil. A avaliação é da secretária executiva
do Fórum Nacional para a Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti),
Isa Oliveira.
Agência Brasil
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios 2011 (Pnad), divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o contingente de crianças nessa faixa etária que trabalham caiu 23,5%
entre os dois anos, mas ainda soma 704 mil.
“Trata-se de uma redução pequena, pouco expressiva.” Para
ela, os dados indicam que o Brasil não vai cumprir a meta das Nações Unidas de
erradicar as piores formas de trabalho infantil até 2016 e todas as formas de
trabalho infantil até 2020. Ela lembrou que, pela legislação brasileira, o
trabalho de crianças com 13 anos ou menos é ilegal.
A secretária executiva defende que toda criança, a partir
dos 5 anos, esteja na pré-escola ou na escola, tendo assegurado o acesso à
educação de qualidade que inclua a oferta de atividades esportivas, de lazer e
culturais.
Além disso, ela acredita ser fundamental aumentar a
articulação entre as políticas de assistência social às famílias de baixa
renda, principalmente no campo. “É preciso orientá-las para retirarem suas
crianças do trabalho e garantir que estejam inseridas em programas sociais que
gerem emprego e renda, ajudando-as a ter a consciência da responsabilidade de
prover e sustentar suas crianças”, argumentou.
Isa Oliveira destacou que as três esferas de governo devem
trabalhar para sensibilizar a sociedade a não contribuir para o trabalho
infantil, rejeitando a compra de produtos oferecidos por crianças e
adolescentes e deixando de contratar essa parcela da população para trabalhos
domésticos, por exemplo.
“O trabalho infantil é uma forma grave de violação de
direitos com sérias consequências para o desenvolvimento das crianças. É
preciso mudar a lógica de naturalizar o trabalho infantil, por meio de uma
sensibilização grande e permanente”, ressaltou.
A secretária executiva do FNPeti disse que o fato de a
Região Nordeste concentrar o maior contingente de trabalhadores com 5 a 13 anos
(336 mil) não surpreende, já que o cenário é decorrente principalmente de
questões econômicas. Ela destacou, no entanto, que os estados da região têm
mostrado avanços importantes, como crescentes taxas de escolaridade.
Em relação à Região Sul, onde 80 mil crianças trabalham,
ela destacou que o fator cultural, que leva pais a ensinarem o ofício aos
filhos, indica o motivo desse cenário, mas não justifica a ocorrência do
trabalho infantil.
“Essa situação decorre da percepção de valores culturais
que defendem a inclusão das crianças no mundo do trabalho, mas temos que
entender que essa violação de direitos deve ser combatida em todas as regiões,
todos os estados e municípios”, destacou.
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