O prêmio Nobel de Economia e professor da Universidade
Princeton Paul Krugman disse que há um longo caminho a percorrer para que sejam
solucionados os problemas dos EUA e Europa. "Mário Draghi, presidente do
BCE, comprou um bom tempo com suas ações, mas a crise está longe de acabar no
continente", disse.
Fonte: Estadão
De acordo com Krugman, há uma sensação de fracasso na
economia global, pois os governos de diversos países "não gastaram o suficiente
para tirar o mundo da atual enrascada".
Quanto aos países em desenvolvimento, ele se mostrou
animado com as perspectivas de suas economias, pois em geral apresentam um
potencial expressivo de expansão nos próximos anos. "Estou otimista com os
mercados emergentes, com exceção da China", afirmou, sem detalhar porque
está cético em relação aquele país asiático.
Afrouxamento quantitativo
Krugman manifestou moderado otimismo com o anúncio da
terceira edição da política de afrouxamento quantitativo (QE 3, na sigla em
inglês) nos EUA, o que foi feito na quinta-feira (13) pelo presidente do
Federal Reserve, Ben Bernanke. O Fed vai comprar US$ 40 bilhões em títulos
lastreados em hipotecas por mês, sem prazo para acabar, tendo apenas como
horizonte que isso vai cessar quando a taxa de desemprego cair de forma
substancial. A taxa de desocupação no país é de 8,1% e cinco milhões de pessoas
não conseguem encontrar emprego há pelo menos seis meses.
"Com QE 3 parece que o Fed começou a ir na direção de
mexer com as expectativas dos agentes econômicos", comentou Krugman.
"Porém, o comunicado de ontem do Federal Reserve não deixa claro sobre
qual é o seu compromisso para agir com a política monetária. Mas a mudança de
tom do Fed é importante", destacou. O prêmio Nobel fez os comentários em
palestra no Exame Fórum.
Integração financeira
O economista apontou que um dos principais problemas da
Europa é não existir integração financeira, o que dificulta a harmonização
econômica no continente, já que favoreceria o equilíbrio de renda entre
cidadãos de países mais ricos e menos abastados. "Eu não verei o
contribuinte alemão pagar por previdência do grego enquanto eu estiver
vivo", destacou.
Por outro lado, Krugman disse que a Europa tem esperanças
de melhorias e que houve avanços significativos recentemente com a atuação do
presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi. "Draghi foi uma
boa surpresa no BCE. Ele tem habilidade para lidar com questões políticas na
região", disse.
"Ele financiou bancos que tinham títulos soberanos e
afastou a catástrofe da Europa. E, com ele, as chances de o euro sobreviver
subiram substancialmente", disse. "Contudo, temos uma crise
internacional muito grave que persiste há cinco anos. Nesse sentido, gostaria
de ver uma mensagem mais forte e cristalina do Fed (Federal Reserve)",
disse.
Euro
Krugman afirmou que um dos principais problemas da zona do
euro é que a região possui uma moeda única, mas sem ter um governo único, o que
traz sequelas para a gestão das contas públicas.
No caso dos EUA, ele citou que "está muito claro que
o que deu errado foi a dívida das famílias", que era muito elevada até
2007/2008. "Agora ocorre desalavancagem das famílias no país",
afirmou. O acadêmico fez os comentários em palestra no "Fórum Exame - O
Brasil e as empresas brasileiras no novo cenário mundial", em São Paulo.
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