Apesar de
ter diminuído, a violência intrafamiliar enfrentada por crianças e adolescentes
ainda é um problema no Chile. Segundo o "4º Estudo de Maltrato Infantil”,
realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 71% das
crianças entrevistadas sofre algum tipo de violência por parte do pai ou da
mãe.
Natasha Pitts - Adital
O Estudo
foi realizado para determinar a prevalência, frequência e características do
maltrato físico, psicológico e do abuso sexual em crianças e para fazer uma
comparação com os resultados dos estudos realizados em 1994, 2000 e 2006.
As
entrevistas com estudantes do 8º básico de escolas públicas e particulares de
Coquimbo, Valparaíso, Biobío, La Araucanía, Los Ríos e Metropolitana detectou
que 25,9% das crianças e adolescentes sofrem violência física grave, 25,6%
violência física leve e 19,5% violência psicológica. Apesar destas cifras,
entre 1994 e 2012 a porcentagem de crianças que não sofre violência subiu de
22,5% a 29% e a de crianças que sofrem maltrato físico grave caiu de 34,2%
(1994) para 25,9% (2012).
O Estudo
também avaliou o impacto da violência na vida dos/as entrevistados e descobriu
que ela afeta o desenvolvimento e o crescimento dos menores. Sendo assim,
apontou que, no geral, as crianças e adolescentes que sofrem violência
intrafamiliar não têm boa relação com os pais, têm menor rendimento escolar,
fazem mais uso de medicamentos para melhorar o desempenho e comportamento
escolar e estão mais expostos ao consumo de álcool e drogas.
20,7% e
23% dos/as entrevistados que sofrem violência disseram ter uma relação ruim ou
regular com sua mãe e seu pai, respectivamente. Enquanto entre os que não
sofrem violência, apenas 3,3% e 5,3% têm uma relação regular ou ruim com sua
mãe e seu pai, respectivamente.
No que
diz respeito ao rendimento escolar, 27,8% das vítimas de maltrato físico grave
já repetiram alguma série, 21% já consumiram medicamentos para melhorar o
rendimento e/ou comportamento, 13,2% já se alcoolizou uma ou mais vezes em um
mês e 7,2% consumiu drogas uma ou mais vezes no mês.
O
relatório também aponta que existem fatores de risco para a violência contra as
crianças e os principais são: a existência de agressão entre os país, a
dependência do estabelecimento educacional e o consumo excessivo de álcool no
lar.
Na
questão do abuso sexual, Unicef revela que 8,7% dos meninos e meninas passaram por
esta situação e que a média de idade da primeira vez em que houve o abuso é de
8 anos e meio. Destas vítimas, 75% são do sexo feminino. O estudo também revela
que 75% dos abusadores são homens, 88,5% são conhecidos da vítima e têm cerca
de 30 anos e 50,4% são familiares da vítima.
De acordo
com a Encarregada da Área de Proteção de Direitos e coordenadora do 4º Estudo,
Soledad Larraín, o maltrato físico é a principal vulneração de direitos sofrida
pelas crianças e adolescentes chilenos. "Trata-se de uma realidade
transversal que afeta a todos os setores sociais de maneira similar”, explica.
Apesar
disso, Soledad também lembra que nos últimos 18 anos houve mudanças
importantes, já que a porcentagem de crianças que sofre violência física grave
diminuiu, o que mostra que a violência para com as crianças e adolescentes é
uma conduta evitável e modificável.
Veja o
"4º Estudo de Maltrato Infantil” da Unicef na íntegra no link::http://www.unicef.cl/unicef/public/archivos_documento/382/Cuarto%20estudio%20maltrato%20infantil%20unicef.pdf
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