Renata
Giraldi, Luciana Lima e Carina Dourado*
Repórteres da Agência Brasil
*Enviada
Especial da EBC
Brasília
e Nova York - A presidenta Dilma Rousseff cobrou hoje (22) da comunidade
internacional mais rigor na fiscalização sobre algumas nações que detenham
“privilégios” e armas nucleares para fins não pacíficos. Ela se referiu à
existência de arsenais atômicos em alguns países. Sem citar nomes, advertiu que
eles são uma ameaça ao mundo. Dilma sugeriu que cada governo também adote
medidas efetivas de segurança, eliminando as armas nucleares do planeta, sem
concessões, e que adotem esforços conjuntos para combater o terrorismo.
“O
Brasil deixou claro que um mundo no qual as armas nucleares sejam aceitas será
sempre um mundo inseguro. O Brasil compartilha da preocupação mundial com a
segurança nuclear”, destacou Dilma ao discursar na Reunião de Alto Nível de
Segurança Nuclear durante a 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova York. “Precisamos, sim, avançar na segurança nuclear
militar. Redobremos nossos esforços em prol do desarmamento geral.”
As
potências nucleares, que assinaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP),
de 1° de janeiro de 1967, e que mantêm arsenais bélicos atômicos são os Estados
Unidos, a Rússia, a China, o Reino Unido e a França.
A
presidenta alertou que a presença de arsenais nucleares é um risco permanente
para a humanidade. "É imperativo ter no horizonte a eliminação completa e
irreversível das armas nucleares. A ONU deve preocupar-se com isso”, disse ela.
“Estudos apontam a deteriorização do estado de conservação e de manuseio desse
material, sem falar da ameaça permanente que essas armas de destruição em massa
apresentam para a humanidade", acrescentou.
Dilma
disse ainda que há vários fatores de riscos que devem ser observados pela
comunidade internacional. "Cortes orçamentários exacerbados pela crise
econômica do passado [a de 2008 e 2009], adiamento de programas de manutenção e
modernização de ogivas, além das perdas de pessoal qualificado são fatores de
alto risco", disse.
Para
a presidenta, é fundamental que cada país desenvolva um programa próprio que
preserve e garanta a segurança das usinas nucleares. “Cada Estado deve aplicar
também seus programas de segurança em um regime de maior transparência”, disse
ela, lembrando que tais ações aumentam a “confiança sobre os fins pacíficos” do
uso da energia nuclear.
A
presidenta lembrou que no Brasil há um compromisso de uso seguro e para fins
pacíficos da energia nuclear. Decisão que é referendada na Constituição de
1988. Dilma destacou ainda que, no país, 82% da matriz energética são
renováveis e que há duas usinas nucleares – Angra 1 e Angra 2 – em
funcionamento e uma terceira em construção – Angra 3. Todas no estado do Rio de
Janeiro.
“O
uso seguro e pacífico é irreversível [para o Brasil] e está na nossa
Constituição”, ressaltou. Ela disse ainda que os países da América Latina e do
Caribe firmaram um acordo que proíbe o uso não pacífico de armas nucleares.
“Nós somos uma das maiores áreas do mundo livres de armas nucleares”, disse
ela, sem esconder o orgulho.
A
presidenta disse que o Brasil adota todos os padrões fixados pela Agência
Internacional de Energia Atômica (Aiea) e assinou 13 acordos internacionais de
combate ao terrorismo. Dilma acrescentou ainda que, depois dos acidentes
radioativos na Usina de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão, ela recomendou
estudos específicos de avaliação de riscos no Brasil.
Os
acidentes nucleares no Japão acenderam uma luz de alerta no mundo, pois os
vazamentos e explosões na usina foram provocados pelo terremoto seguido por
tsunami, em 11 de março deste ano. Em decorrência dos acidentes, cidades
inteiras foram esvaziadas e alimentos produzidos na região, proibidos para
comercialização e venda. Até hoje, o Japão tenta retomar a normalidade.
Como
fez ontem (21), a presidenta reiterou a defesa pela reforma do Conselho de
Segurança das Nações Unidas – formado por 15 membros, dos quais apenas cinco
são fixos – e que tem relação direta com a Agência Internacional de Energia
Atômica. “Precisamos avançar na reforma do Conselho de Segurança”, disse ela.
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