Amanda
Cieglinski
da Agência Brasil
Brasília
– O ambiente acadêmico ainda considera a formação de professores para a educação
básica uma tarefa “menor” o que dificulta a melhoria da qualificação desses
profissionais para atuar em sala de aula. Este é o diagnóstico de
especialistas, pesquisadores e organizações da sociedade civil reunidas no
Congresso Internacional Educação: uma Agenda Urgente. A formação de professores
no Brasil foi tema de discussão em uma das mesas de debates, e há um consenso
de que é necessária a revisão dos currículos dos cursos de pedagogia e de
licenciaturas.
Um
dos componente que deve ser fortalecido, na opinião dos debatedores, é o prático.
Para os especialistas, o estágio precisa ganhar maior importância e deve
ocorrer desde o início da formação do professor. Uma das principais críticas é
que a universidade não prepara o professor para lidar com a realidade da sala
de aula, que inclui problemas de aprendizagem e um contexto social que
influencia no processo.
“A
formação inicial deve estar visceralmente ligada à sala de aula. Ela deve
ocorrer em dois lugares: na universidade, onde eu penso, discuto e estudo e
naquele lugar que é objetivo maior do professor, a sala de aula”, disse Gisela
Wajskop, diretora-geral do Instituto Singularidades.
O
presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
Roberto Franklin Leão, declarou que apesar do estágio ser obrigatório para a
obtenção do diploma, em muitas escolas de formação ele não passa de uma “formalidade”.
“O estágio é fundamental para conectar o que o aluno aprende na universidade e
o mundo real. Ele precisa sair sabendo como são as escolas, quais são as
dificuldades concretas que ele vai encontrar e quem é esse jovem que ele vai
ensinar e que ele só estuda na psicologia. Mas o estágio precisa ser bem feito,
orientado e cobrado”, ressaltou.
Uma
das propostas apresentadas para melhorar a formação, é instituir nas
licenciaturas e cursos de pedagogia uma espécie de residência, semelhante a que
ocorre nos cursos de medicina e que é obrigatória para o exercício profissional.
Leão aponta, entretanto, que a formação do professor não é a única variável que
determina a qualidade do ensino. “A universidade que forma o professor da
escola pública é o mesmo que forma o da particular. Mas, a segunda tem
resultados melhores nas avaliações”, disse.
Membro
do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do movimento Todos pela Educação,
Mozart Neves Ramos defende a criação de centros ou institutos de formação nas
universidades que sejam separados dos departamentos que hoje oferecem as licenciaturas.
“O professor da universidade que está preocupado em dar aula na escola de educação
básica é visto no seu departamento como inferior porque não está preocupado em
publicar artigos nas revistas de ponta”, declarou.
A
desvalorização da carreira e dos cursos de formação têm levado ao fechamento
das licenciaturas, conforme observou o vice-presidente da Associação Brasileira
das Universidades Comunitárias (Abruc), Marcelo Lourenço. “Nós estamos pedindo
socorro porque os cursos estão fechando por falta de procura”.
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