Elaine
Patricia Cruz
da Agência Brasil
No
Brasil, sete em cada dez presos que deixam o sistema penitenciário voltam ao
crime, uma das maiores taxas de reincidência do mundo, disse hoje (5) o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), ministro Cezar Peluso. Segundo ele, atualmente cerca de 500 mil pessoas
cumprem pena privativa de liberdade no Brasil. “A taxa de reincidência no nosso
país chega a 70%. Isto quer dizer que sete em cada dez libertados voltam ao
crime. É um dos maiores índices do mundo”.
A
declaração do ministro foi feita durante a assinatura de renovação de parceria
entre o CNJ e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) dentro
do programa Começar de Novo, que prevê a criação de vagas para detentos e
ex-detentos no mercado de trabalho e em cursos profissionalizantes. De acordo
com o CNJ, o público atendido pelo programa exerce atividades nas próprias
unidades prisionais, em órgãos públicos, empresas privadas e entidades da
sociedade civil. Em setembro, 300 presos do Maranhão deverão ser empregados na
construção de três mil casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo
federal.
“O
programa Começar de Novo visa à sensibilização de órgãos públicos e entidades
da sociedade civil para que forneçam postos de trabalho e cursos de capacitação
profissional aos presos e egressos do sistema carcerário. O objetivo do
programa é promover a cidadania e, consequentemente, diminuir a criminalidade”,
disse Peluso.
Segundo
o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a entidade pretende contribuir com o
programa de duas formas: recomendando as empresas que poderão empregar detentos
e ex-detentos e na formação de mão de obra para atender às exigências do
mercado. “Estamos aqui renovando este convênio e dizendo que a indústria
precisa ajudar na quebra do ciclo de criminalidade. É uma série de passos para
chegar em um único objetivo que é 'começar de novo', dar uma oportunidade para
aquele que errou, pagou pelo erro e tem direito a ter uma nova oportunidade”,
disse Skaf.
O
programa Começar de Novo foi criado em outubro de 2009 com o objetivo de
oferecer oportunidades de capacitação profissional e de trabalho para detentos
e ex-presidiários. Até o dia 1º de setembro deste ano, segundo dados do CNJ,
1.696 postos de trabalho foram ocupados por detentos ou ex-detentos em todas as
regiões do país. Do total, 696 ocorreram somente entre maio e setembro deste
ano, demonstrando, segundo o conselho, um aumento no ritmo de preenchimento de
vagas.
“Nem
todos [os presos] estão aptos ao trabalho. Dentro deste cenário, temos um
quadro muito pequeno de presos trabalhando. Menos de 14% dos 500 mil presos
[existentes no país] trabalham, e menos de 8% estudam. Podemos ver por aí que
temos um desafio enorme pela frente no sentido de qualificar esta população e
quebrar este ciclo de criminalidade que vem sendo gerado ao longo do tempo”,
disse Luciano Losekann, juiz auxiliar da presidência do CNJ e coordenador do
Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Setor Carcerário.
Segundo
Losekann, a maior dificuldade para inserir os presos no mercado de trabalho é a
falta de qualificação e estudo. “Por não ter qualificação e estudo suficiente,
a primeira barreira para o preso é justamente conseguir um tipo de qualificação
que seja compatível com seu grau de instrução. Então é necessário treiná-lo,
capacitá-lo e educá-lo durante o período de prisão, para tentar fazer com que
esse sujeito chegue em um estágio no qual seja possível ele ter alguma forma de
emprego, de sustento e de renda”, declarou.
Durante
a cerimônia, o CNJ também lançou a Cartilha do Empregador, que traz informações
para o empresário sobre como aderir ao programa e contribuir para a reinserção
do preso no mercado de trabalho.
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