Os
maiores problemas com relação a trabalho escravo no Brasil estão ligados às
cadeias de produção nas áreas de vestuário e da construção civil.
Portal
Vermelho com Agência Câmara
A
afirmação foi feita pelo auditor-fiscal Luís Alexandre de Faria, do Ministério
do Trabalho em São Paulo, na audiência pública realizada nesta quarta-feira
(14), na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que discutiu a exploração de
trabalhadores estrangeiros no Brasil e o tráfico de brasileiros vítimas de
trabalho escravo em outros países.
O
auditor-fiscal foi o coordenador da investigação que flagrou a prática de
trabalho escravo por empresas terceirizadas pela loja de confecção Zara. “O
crime de trabalho escravo na capital paulista veio à tona depois de uma CPI da
Assembleia Legislativa de São Paulo, quando grandes oficinas, que exploravam
trabalhadores bolivianos, foram identificadas. Até coletes de recenseadores do
IBGE foram encontrados. Na época, o instituto foi notificado”, afirmou.
O
representante da empresa de confecção Zara, Jesus Echevarria, que participou da
audiência pública, disse que os casos de trabalho escravo revelados numa
investigação do Ministério Público do Trabalho de São Paulo ferem os princípios
e os interesses do grupo. Ele garantiu que depois das denúncias o grupo, que
tem 50 fornecedores no Brasil, tomou várias providências para combater esse
tipo de crime.
Segundo
ele, a Zara fortaleceu o monitoramento da cadeia produtiva, a implementação de
programa de capacitação de fornecedores e a elaboração de um manual de boas práticas
para a indústria têxtil. O grupo ainda criou uma linha telefônica só para
receber denúncias de trabalho escravo. O número é o 0800 770 9242 e entra em
operação nesta quarta-feira (14).
O
representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),
Ronald Moris Masijah, afirmou que não se pode confundir terceirização com
trabalho escravo. Ele admitiu a necessidade de controle das empresas
terceirizadas, mas isentou as contratantes de fazer um monitoramento completo
que identifique possíveis casos de trabalho escravo.
Masijah
sugeriu que seja criado um selo, semelhante ao ISO 9000, que seria fornecido
pelo Ministério Público do Trabalho e pelo ministério do Trabalho e renovado
anualmente. “O trabalho escravo traz prejuízos não só para os trabalhadores,
mas também para as empresas nacionais”, enfatizou.
Tráfico
de pessoas
O
debate foi proposto pelos deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA) e Geraldo Thadeu
(PPS-MG) e pela presidente da comissão de Direitos Humanos, deputada Manuela d'Ávila
(PCdoB-RS). Para a deputada Manuela d’Ávila, é necessário apurar denúncias
relacionadas a imigrantes estrangeiros no Brasil em situação de trabalho
escravo.
"A
ocorrência de trabalho em condições análogas à escravidão que vitimiza trabalhadores
originários de países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Peru, países africanos
e, mais recentemente, do Haiti, tem sido noticiada com frequência", diz a
deputada. "Esses casos parecem se concentrar em São Paulo, sobretudo em
segmentos da indústria do vestuário."
Os
parlamentares citaram o relatório Situação da População Mundial de 2006,
publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas, segundo o qual
aproximadamente 70 mil brasileiras trabalhavam como prostitutas na Espanha, em
Portugal, na Suíça, no Japão e em países da América do Sul.
Segundo
o relatório, a maioria das mulheres tem entre 18 e 25 anos de idade e pertence
a famílias de baixa renda. A maioria delas foi vítima de tráfico de seres
humanos – uma rede que movimenta, mundialmente, entre 17 bilhões e 18 bilhões
de dólares por ano.
Muito boa a matéria. Vou compartilhar.
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