“Coisas da Vida” – @LeideFranco*
Aprendi
em uma das minhas aulas na universidade, a diferença entre os termos
quantitativo e qualitativo aplicados na questão da opinião pública – mídia e
espectadores. Quantitativo: números que apresentam a distinção em relação ao
quanto uma determinada amostra vale dentro de outros dados analisados. É uma pesquisa
que considera as estatísticas expressas em quantidades. Qualitativo é a definição,
a ficha técnica mostrada sobre algum objeto. Determina a natureza dos elementos
contidos em uma mistura ou dos que formam um composto. Nessa lição passei a me
questionar entre o ‘quanti’ e o ‘quali’ contidos nas especificações do indivíduo
enquanto ser humano e em suas necessidades do ter.
Não
é de hoje que falamos na diferença do ter-e-ser e me parece que essa discussão
nunca vai cair no desuso por causa da crescente brecha que se observa entre um
e outro. Estamos inseridos em um contexto social conectado com o ter que é
muito diferente do ser, verbos tão semelhantes que carregam, cada um na sua
colocação, significados extremos. Eu ter dinheiro não significa eu ser feliz.
Eu ser velha não significa ter muita idade. A soma não está na quantidade, mas
na qualidade, tanto que 1 + 1 pode ser muito mais que 2.
“Somos uma sociedade de gente visivelmente infeliz: sós, ansiosos,
deprimidos, destrutivos, dependentes – gente que se alegra quando matou o tempo
que tão desesperadamente tentamos poupar”.
Erich Fromm
Guardamos,
muitas vezes calados, perguntas e inquietações, e uma delas, suponho ser das
mais angustiantes, é encontrar o equilíbrio entre o ser e o ter, no meio do
tanto ter e do pouco ser. Primeiro eu preciso ser adulto, ter um bom emprego,
ser reconhecido pelo meu trabalho, ter um bom salário para só depois ser feliz.
As
pessoas que menos têm, às vezes são as que mais podem dar. É um paradoxo
explicado pela falta da falta de ser ou ter determinada coisa. Certa vez o
Arnaldo Jabor disse que o dinheiro compra olhos azuis, corpos ideais e as
mulheres ou os homens dos nossos sonhos, mas no momento em que tudo isso
falhar, o mesmo dinheiro vai somente poder pagar a terapia.
Somos
o que acreditamos e para finalizar o ser e ter clichê, digo-lhes que todos os
dias eu tento me convencer de que eu posso ser nada mesmo se eu tiver tudo.
Compreendi, na verdade, que eu não sou o que tenho na vida, mas quem eu tenho
na vida e é isso que faz a grandeza do meu ser.
O
que você é pelo o que você tem?
*Leide
Franco
Comunicadora
com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.
Escreve
todas as segundas-feiras crônicas.
Perfeito. A análise mergulha no fundo da questão. Como constatamos nos dias de hoje, pessoas que se esforçam não para ser ou ter, mas para parecer ter. Preocupam-se mais com as aparências, com o que os outros vão pensar ou dizer, em causar impressões muitas vezes sem a
ResponderExcluirmenor sustenção. Acredito na linha que precisa TER a certeza que o SER é muito melhor, muito mais consistente e duradouro.
Parabéns Leide Franco por colocar através das letras o que nós precisamos colocar em prática. E acrescentaria uma frase que já li: "Felizes não são os que tem mais, mas os que precisam de menos para viver".
Carlos Cabral
Voltando nessa grandeza do ser, deparei-me com esse comentário. Pena que o anônimo tenha se postado assim, porém agradeço a participação tão enriquecedora, só soma!
ResponderExcluirQue sejamos [melhores] sempre mais!
Olá!!! Você saberia me dizer onde encontro essa crônica do Arnaldo Jabor citada no texto?? Qual o nome?
ResponderExcluirOi, Lara! Juro que já procurei bastante a crônica na qual possivelmente esteja essa frase, mas não encontro. Como muita coisa é atribuída a ele, pode ser que a frase nem seja dele.
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