Agência
Brasil
Após
meses de um intenso trabalho de análise e negociações, o relatório do Plano
Nacional de Educação (PNE) está em fase final de elaboração e deve ser
apresentado na próxima semana na Câmara. O projeto de lei definirá 20 metas
educacionais que o país deverá atingir até a próxima década. Versão preliminar
do relatório obtida pela Agência Brasil estabelece que o país deverá aumentar o
investimento público em educação dos atuais 5% do Produto Interno Bruto (PIB)
para 8,29% nos próximos dez anos.
Esse
era um dos pontos mais polêmicos do plano e alvo de boa parte das quase 3 mil
emendas que o projeto recebeu. A proposta inicial do governo era de que esse
patamar fosse de 7%, mas houve grande pressão dos movimentos sociais para que
se ampliasse o percentual para 10%. O relatório do deputado Angelo Vanhoni
(PT-PR) encontrou uma solução intermediária para a questão: determina o aumento
dos investimentos para 7% do PIB até o quinto ano de vigência do PNE e para
8,29% no décimo ano de vigência do plano.
Durante
a tramitação na comissão especial criada para avaliar o PNE, diversos estudos
apresentados por entidades e pesquisadores indicavam que 7% seriam
insuficientes para atingir todas as metas de melhoria do acesso e da qualidade
da educação previstas no plano. Para a deputada Dorinha Rezende (DEM-TO), que
faz parte da comissão do PNE, o valor que deve ser estipulado no relatório
(8,29%) ainda é pequeno. Os deputados terão direito a apresentar novas emenda
ao relatório e ela acredita que o tema será novamente debatido.
“Esse
continua sendo o ponto em que no discurso todo mundo é a favor [de mais
dinheiro], mas na prática não se efetiva. É preciso entender que os 5% de hoje
não estão dando conta de garantir a qualidade, precisamos de um esforço a mais
para garantir um bom padrão para todos. Hoje você tem professor ganhando R$ 4
mil e outros que não recebem nem o piso nacional [R$ 1.187]”, defende a
deputada.
Na
avaliação de Dorinha, o relatório irá tentar conciliar as diversas propostas,
mas, para ela, o momento é ideal para estabelecer um pacto por um maior
esforço. Ela aponta que, além de aumentar o patamar de investimento, o PNE deve
determinar uma maior participação da União nessa conta, que hoje fica em grande
parte com estados e municípios. “Isso não quer dizer que daqui a dez anos a
gente não possa rever essa meta. Se houver melhoria no sistema poderemos
avaliar e entender que os 10% do PIB não são mais necessários. O aluno que
repete todo ano, por exemplo, é um dinheiro que a rede de ensino joga fora e se
eu consigo melhorar o sistema diminuo os gastos”, pondera.
Além
da meta que define o patamar de investimento, outras também sofreram alteração
em relação ao projeto enviado ao Congresso pelo Executivo. A de número 11
falava, no texto original, em duplicar as matrículas da educação profissional.
O relatório deve trazer a proposta de triplicar o número de estudantes nesta
etapa. Já a meta 12 determinava o aumento da taxa de matrícula no ensino superior
para 33% na população de 18 a 24 anos. Na nova versão a meta é mantida, mas com
uma ressalva: 40% das matrículas devem estar nas universidades públicas. Hoje o
setor privado é o responsável pela maioria (75%) dos estudantes do ensino
superior.
Boa
parte das emendas apresentadas ao PNE foi formulada pela Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, que participou dos processos de negociação para elaboração
da nova versão do projeto. Para o presidente da entidade, Daniel Cara, o
relator foi muito aberto ao debate com a sociedade e ao mesmo tempo cumpriu seu
papel de negociador dentro do governo. Caso se confirme o percentual de
investimento de 8,3% do PIB, Cara avalia que é uma conquista e representa um
viés de alta.
“A
vantagem é que se estabelece um novo piso de negociação. Não vamos aceitar nada
menos do que os 8,3%”, diz. Ele ressalta, entretanto, que a entidade continuará
lutando pelos 10% do PIB. Após a apresentação do relatório, os deputados da
comissão terão novo prazo de apresentação das emendas. Só depois de aprovado o
texto segue para o Senado que só deve iniciar a tramitação do novo PNE em 2012.
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