Um
projeto foi criado para estimular a contratação destes profissionais. Em dois
meses, 26 das 146 vagas trabalhadas foram preenchidas por negros
Amanda
Camasmie, Época Negócios
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Negro ainda sofre preconceito no mercado de trabalho |
Ainda
existem empresas que não aceitam negros no quadro de funcionários. Essa é a
afirmação de Paulo Lourenço Vieira, sócio-diretor da Proton Consultoria,
empresa que presta serviços para o segmento de Recursos Humanos. A Proton
recebe currículos online e os envia para os seus cerca de 40 clientes – médias
e grandes empresas.
“Já
aconteceu de um cliente gostar do currículo e rejeitar o candidato por ele ser
negro”, afirma Vieira. A situação recorrente fez com que ele e seu sócio, Luiz
Cesar Salles Gomes, criassem o Protonegro, um projeto para conscientizar os
gestores das companhias a contratar negros. O objetivo do Protonegro também é
inseri-los em cargos de maior nível hierárquico.
Desde
que o projeto foi criado, há dois meses, foram contratados 26 negros em 146
vagas trabalhadas pela empresa. Alguns deles conseguiram ser empregados como
gerentes ou analistas. Outros foram contratados como assistentes
administrativos, operadores de caixa ou manobristas. “A discriminação existe de
forma velada. O negro ainda está pouco inserido no mercado de trabalho,
principalmente em cargos de ponta”, diz.
Pesquisa
do Instituto Ethos mostra que os negros são minoria em níveis hierárquicos
mais altos. Ocupam 25,6% dos cargos de supervisão, 13,2% dos cargos de gerência
e 5,3% das posições de diretoria. Eles também ganham quase a metade do salário dos brancos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
branco ganha em média R$ 1.538, enquanto o negro recebe R$ 834.
Antes
do projeto, Vieira conta que enviava o currículo de negros para entrevistas e
encontrava alguns bloqueios. Mas agora, falando abertamente sobre a questão,
a barreira de resistência tem diminuído. “Depois que conversei com um cliente
que não contratava negros, ele passou a incluí-los no processo”. Se esse
cliente os contratou? “Ainda não. Mas os negros ainda estão concorrendo no
processo seletivo da empresa dele”, afirma Vieira.
A
maioria dos brasileiros (67,3%) acredita que a cor ou a raça influencia na vida
das pessoas, de acordo com outro estudo do IBGE. A principal
situação em que isso acontece é no trabalho, citado por 71%. A pesquisa
foi realizada em 15 mil domicílios de cinco Estados (Amazonas, Paraíba,
São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) e no Distrito Federal. O
estudo foi divulgado em julho deste ano e as informações foram coletadas em
2008.
Resistências
à parte, a participação da população negra no mercado de trabalho está
melhorando. As contratações saltaram de 23,4% em 2003 para 31,1% em 2010. Mas o
número ainda é baixo se considerarmos que os negros são mais da
metade da população brasileira. Pelos números do IBGE, o país conta com 97
milhões de negros e 91 milhões de brancos.
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