Da
France Press, em Argel na Folha.com
O
cineasta americano Oliver Stone, 65, declarou neste sábado, em Argel, Argélia,
que os Estados Unidos não vivem na democracia, mesmo sob a presidência de Barack
Obama, eleito em 2008, e criticou Wall Street, a atitude bélica americana e a
indiferença de seus compatriotas com relação ao resto do mundo.
Em
entrevista coletiva em francês, intercalada por algumas expressões em inglês,
Stone, cuja mãe é francesa, disse que os "indignados" americanos que
protestam contra Wall Street deveriam deslocar seu movimento de protesto contra
o sistema financeiro "a Washington e não a Nova York, para ter maior
impacto".
Segundo
o diretor de filmes como "Wall Street, poder e cobiça" (1987) e
"Wall Street: o dinheiro nunca dorme" (2010), é assim que as pressões
sobre os políticos para sanear o sistema financeiro serão "eficazes".
O
cineasta, cujo pai é um ex-operador financeiro de Wall Street, foi convidado ao
festival de cinema autoral de Argel, que começa no próximo dia 29. Ele se disse
"consternado de ver como o dinheiro é venerado pelos americanos" e
com os efeitos da crise econômica.
"A
classe média (americana) é a primeira vítima, mas nada consegue mexer com o
sistema" americano, ao qual qualificou de "não-democrático, mesmo
depois da chegada de Obama" ao poder.
O
cineasta denunciou "30 anos de mentiras" contadas nos Estados Unidos,
e mencionou a guerra do Vietnã, que o inspirou a dirigir "Platoon"
(1986). Segundo ele, os americanos viveram com a ideia de que "o comunismo
vai dominar o mundo", enquanto ele caiu em 1989.
Interrogado
sobre o apoio americano a Israel, Stone afirmou que "não se pode falar
disso nos Estados Unidos. Há um poder tal, o dinheiro, a imprensa e o lobby são
tais que os fatos, a verdade, não aparece", disse.
Stone
julgou seus compatriotas com severidade.
"Os
americanos não estão tão interessados nos problemas do exterior", disse.
"Não têm empatia por eles", acrescentou.
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