Para
quase um terço da população (29,4%), o desemprego é a principal causa da
pobreza no Brasil, seguido pela dificuldade de acesso e má qualidade da
educação (18,4%) e pela corrupção (16,8%). Apenas 6% acreditam que programas de
distribuição de renda, como o Bolsa Família, são a melhor forma de resolver o
problema. É o que aponta estudo divulgado ontem (21) pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) sobre a percepção da pobreza, que entrevistou 3.796
pessoas em agosto deste ano.
Agência
Brasil
Para
a maioria dos entrevistados, os motivos que levam a um baixo nível de renda são
de natureza estrutural e não individual. Apenas 2,8% dos entrevistados
apontaram como causa da pobreza a preguiça ou comodismo. Entre as soluções para
melhorar a renda da população, a mais mencionada foi a criação de empregos
(31,4%) e a melhoria da qualidade da educação (23,3%). Entretanto, 48,5% dos
entrevistados concordam com a tese de que o Brasil não vai erradicar a pobreza.
Sobre
as medidas que o governo poderia tomar para reduzir o problema, o aumento dos
salários foi a resposta mais mencionada (18,6%), seguido do estímulo para que
as empresas contratem os mais pobres (11,5%) e do apoio a pequenos agricultores
(9,2%). Apenas 6% apontaram os programas de transferência de renda, como o
Bolsa Família, como a melhor alternativa para reduzir a pobreza. O percentual
se refere aos entrevistados que disseram que aumentar o valor do benefício ou
ampliar o número de beneficiários seria a melhor solução para enfrentar a
pobreza no país.
De
acordo com o Ipea, os dados sugerem que, na percepção social, “o Estado tem um
papel a cumprir para a superação da pobreza, seja no sentido de incentivar mais
empregos na economia, seja pela oferta de uma educação de melhor qualidade,
como sugerem as duas opiniões mais frequentes entre a população”, segundo
análise técnica sobre os dados do estudo.
A
pesquisa indica que há diferenças na percepção da população sobre causas e
soluções da pobreza, dependendo do nível de renda do entrevistado. Entre a
parcela mais pobre, que ganha menos de um quarto do salário mínimo, mais de 40%
apontaram o desemprego como principal motivo para o problema. Já a parcela mais
rica da população, com rendimento acima de cinco salários mínimos per capita,
enxergam a dificuldade de acesso à escola e a má qualidade da educação como
principais causas da pobreza (38,5%), seguidos pela corrupção (18,5%) e pelo
desemprego (15,4%).
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