Passado,
presente, futuro: medidas de tempo. Tempo subjetivo. A gente tenta matá-lo e
ele é quem nos enterra. O tempo das coisas não nos pertence. Quem diz que quem
faz o nosso tempo é a gente, não sabe que leis infringe. Quem fez o tempo, não
nos o deu, apenas emprestou por um tempo determinado, e nós mortais estamos por
aqui esperando o prazo de validade dele vencer.
Estou
sempre voltando nesse tempo quantificável porque talvez nunca me deixo ir
inteira. Sou metade hoje com metade de ontem. Estou sempre retornando tentando
reencontrar o passado na tentativa de entender meu presente futuro. É como
vestir uma roupa velha que não serve mais, como canta Belchior. Devo estar
ignorando a linearidade do tempo e caminhando em um ciclo, no qual todos nós
estamos inseridos.
O
passado é uma lousa que a gente não consegue apagar. O passado não é mais e o
futuro não é ainda. O presente é um rio que corre sem parar, e assim faz com
que a eternidade não exista, e nele é muito mais fácil olhar para trás do que
tentar enxergar o desconhecido no futuro. Cada tempo já foi e será um presente.
No fim só o que realmente existe é o presente. A cada palavra que você lê aqui,
agora, você está vivendo os três tempos (passado, presente e futuro). O
presente será sempre o tempo.
“Cada momento, cada segundo é de um valor infinito, pois ele é
o representante de uma eternidade inteira”. (Goethe)
O
tempo é marco para o nascer e o morrer das coisas. Parece-me que ele só faz
sentido assim, se tiver início, meio e fim. Somos reféns dele. Pare uns
segundos para pensar no seguinte: Temos vinte e quatro horas por dia e só! Nenhum
minuto a mais ou a menos. E com elas você faz o que quiser, como bem entender.
Nada e nem ninguém vai o fazer encolher ou crescer. Não adianta se iludir ‘fazendo
hora’. Somos meramente objetos no tempo versus espaço. Somos um devir. O tempo é
dentro das necessidades humanas, uma contagem abstrata imprescindível.
“O
tempo do presente é a percepção. O tempo do passado é a memória. O tempo do
futuro é a expectativa”.
Aristóteles disse que o tempo é o número
(soma) do movimento, segundo o anterior e o posterior, ou seja, o tempo é o
presente! Mas por que estamos sempre querendo voltar ou estar além? O tempo faz
parte e está distante da realidade que pensamos dominar. Pode ser passado,
presente, futuro, ou pode ser antes e depois, anterior e posterior. O tempo
pode ser ontem, hoje, agora, mais tarde e amanhã. Dizem que toda essa mensuração
do tempo não passa de uma irrealidade criada pelo poder temporal da nossa
mente.
Qual é o seu tempo? É aquele que quando está bom passa rápido e quando está ruim se arrasta? Como em um momento ele pode passar mais rápido e em outro não? Não estamos tratando do mesmo tempo e da mesma medida? O nosso tempo subsiste!
“Sabes
tu, porventura, o que vale um dia?
Conheces
o preço de uma hora?
Examinaste,
já, o valor do tempo?
Decerto
não, porque o deixas passar, alegre, descuidado da hora que, fugitiva e
secreta, te leva preciosíssimo roubo. Quem te disse que o que já foi, voltará,
quando te for preciso, se o chamares?
Dize-me:
viste já alguma pegada do dia?
Não!
Ele
só volta a cabeça para rir e zombar daqueles que assim o deixaram passar”.
*Leide Franco - Comunicadora com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.
Escreve
às segundas-feiras.
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