CARTAS
DE COTOVELO 04 (16/01/2012)
Carlos
Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor
Nesta
segunda-feira, o dia foi mais preguiçoso que os demais. Talvez seja a calmaria
destas paragens, propícia para prosear e meditar, sempre usando os auspícios
inigualáveis da sagrada rede nordestina.
O
que dizer para os meus leitores? Bem, na semana que passou recebi várias
visitas importantes – Sávio Hackradt e Adriano Gomes, do “Calangotango”, com um
cafezinho feito na hora e tapioca caseira. Os familiares – Leda e Itamires e
Moacyr e Iris.
Papos
ecléticos dos primeiros e, obviamente, não perderia a oportunidade de explorar
os demais na lembrança de fatos e pessoas que em breve utilizarei em livros que
estou escrevendo.
De
Leda, com a ajuda de Itamires, relacionei os funcionários do Tribunal Regional
Eleitoral do nosso tempo (entre 1962 e 1971), precisamente, quando ali prestei
os meus serviços. Devemos ter esquecido alguém, mas faremos outras sessões de
recordação do passado.
A
visita de Moacyr foi entrecortada com algumas doses de whisky com água de coco
e churrasco feito por Ernesto. Aproveitei para recordar fatos importantes de
sua vida, os quais serão registrados no livro que estou a escrever “O menino do
poema de concreto”, onde contarei a sua interessante vida de pau-de-arara e
carioca, com alguns detalhes curiosos, como também narrarei lances da operação
“Arena das Dunas”, do que resultou a lamentável demolição do nosso Machadão.
Foram
instantes de revelação e resgate da memória de pessoas, como José Arnaud,
médico Agripino (do Hospital dos Servidores do Estado no RJ), Julinho Nelson,
tio Paulo Gomes, Armando e Aníbal Cavalcanti, Eudes Moura e seu irmão
“Desenho”, Jair e Jurandyr Navarro entre outros mais.
Revelações
da cidade do Natal do tempo da guerra e do seu pós-guerra, e também dos
costumes de então.
A
minha vida bucólica de praia não fica somente aí, pois tenho assistido filmes
memoráveis como A Papisa Johanna – história de uma mulher que se tornou Papa,
numa época em que nem se permitia que ela aprendesse a ler. O filme épico tomou
por base um livro polêmico, cercado da dúvida entre a verdade escondida pelo
Vaticano ou obra de ficção. A trama ocorre em 814 do tempo presente, na aldeia
de Ingelheim, no tempo conhecido como Idade das Trevas. Reagindo a tudo isso
Joana foge de sua aldeia, vai viver, como homem em um Mosteiro, aprende a ler e
estuda medicina, chegando a tratar do próprio Papa. Evolui no seu ministério
religioso e é escolhida Papa, com a curta duração de apenas dois anos. A trajetória
da Papisa Joana foi conhecida até o século XVII, quando o Vaticano resolveu
apagá-la da história da Igreja. Verdade ou ficção, trata-se de um verdadeiro
romance em que aventura, sexo e poder cruzam-se com maldições, guerras e
heresias.
Outro
filme: Vá e Veja – tendo por cenário a Bielorússia, próxima à fronteira com a
Polônia, em 1943, contando a história do adolescente Florya (Aleksei
Kravchenko), que é separado de sua mãe e levado de sua aldeia por um grupo de
guerrilheiros antinazistas. Florya encontra em seu caminho uma garota, Glasha
(Olga Mironova), deixados para trás e testemunham o bombardeio de uma vila
pelos alemães, do que resulta sua surdez. Com algum tempo passado decidem
voltar para casa de Florya, mas encontram a aldeia abandonada e descobrem que a
família do rapaz foi dizimada. Florya, perturbado mentalmente com os
acontecimentos, vaga por pântanos e florestas, testemunhando as maiores
atrocidades, até reencontrar o grupo de resistência, ao qual passa a
identificar líderes nazistas que deverão ser executados.
Em
seguida, o DVD marcante, com o título - Uma mulher contra Hitler, contando
fatos vividos no âmbito de universitários no prelúdio da segunda guerra, em que
narra a resistência de um grupo conhecido por “Rosa Branca”, refratário à
filosofia nazista, na pessoa de Sophie Scholl, ativista presa, julgada e
condenada à morte. No espaço entre a instrução processual e a farsa do seu
julgamento a moça dá exemplos exuberantes de coragem e argumentos filosóficos
contrários ao regime, impressionando um agente da Gestapo, ao mesmo tempo em
que consegue proteger os demais membros do grupo.
Assisti,
ainda, algo de Betty Davis, Mário Lança e alguns “bang bangs” sem futuro.
Também
consegui devorar alguns livros – Cangaceiros do Nordeste, de Pedro Baptista, me
deleiteitando com a linguagem da prosa, do que grifei algumas frases para uso
oportuno em algum trabalho. Parabéns a Abimael do Selo Vermelho. No mesmo
caminho li No Tempo de Lampião, algumas poucas narrativas de Leonardo Mota e
glossário de anedotas, adágios e notas sobre a poesia e linguagem populares.
Também apreciei a mais nova Revista do Tribunal de Contas do Estado, edição em
homenagem à Câmara Cascudo, com depoimentos de Diógenes, Sanderson e Serejo.
Finalmente,
reli as crônicas de “Cascudinho” nas “Actas Diurnas “ selecionadas por Franklin
Jorge, de onde anotei algumas que despertaram a minha curiosidade, a destacar –
os nomes antigos das ruas da cidade, sobre os sinos da Matriz e os significado
dos seus toques, o galo da torre da Igreja de Santo Antonio, a Santa Cruz da
Bica, a Redinha, os teatros em Natal, os médicos em Natal, a morte do
Presidente Parrudo, ocorrido no Barro Vermelho e traços biográficos de pessoas
ilustres ou interessantes da cidade. Bela edição do Ludovicus e o Novo Jornal,
em seu segundo ano de existência.
No
mais, a leitura das mensagens na internet, os e-mails dos amigos, com notícias
atualizadas, a leitura dos blogs e dos jornais diários, que me chegam com
facilidade.
Quarta-feira
vou à Natal me abastecer de novas leituras, entre as quais o livro de Querubino
Procópio, ansiosamente aguardado e o vetusto “Do Sindicato ao Catete”, escrito
por Café Filho e que Wandyr Villar conseguiu para mim.
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