A
deputada federal do Brasil, Manuela d’Ávila, 30 anos, (PCdoB, RS), e a deputada
da Assembleia da Ilha da Madeira, Raquel Coelho, 23 anos, do Partido
Trabalhista Português, falam à Rádio ONU sobre a participação de jovens na vida
pública, o papel da mídia social e os “vícios” da política tradicional, de um
lado e outro do Atlântico.
Fonte:
Rádio ONU, no Portal Vermelho
Quem
pensa que política é algo somente para “pessoas mais velhas”, muda de opinião
ao ouvir a deputada federal Manuela d’Ávila falar sobre o ofício. Aos 30 anos,
e com uma cadeira na Câmara de Deputados do Brasil, Manuela assumiu seu
primeiro cargo eletivo, vereadora de Porto Alegre, capital do Rio Grande do
Sul, aos 22 anos.
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Manuela dÁvila |
Militante
do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, Manuela d’Ávila contou à Rádio
ONU, de Brasília, que defender a ideologia de seu partido, mesmo após o fim do
comunismo na maior parte do mundo, não é difícil.
Crise
do Mundo
“Há
uma corrente que surgiu com a queda do muro de Berlim de que a disputa
ideológica havia se encerrado. Eu acho que não há nada mais atual do que
disputar, ideologicamente, em um momento que o mundo vive uma grande crise
econômica. Essa crise não é uma crise do mundo, é a crise de um mundo com
determinadas regras econômicas. Regras que são ideológicas.”
Ao
chegar a Brasília, Manuela diz ter presenciado pontos posivitos e negativos.
Segundo ela, a participação dos jovens é importante para o avanço da agenda
brasileira. Mas para a deputada, os jovens precisam se lançar na política por
vontade e convicção próprias, independentemente, se pertencem a uma família
tradicionalmente política ou não.
Imensa
Maioria
Manuela
d’Ávila
“É
importante também ressaltar, que mesmo entre os jovens presentes, se formos
averiguar e fazer um estudo menos numérico e mais qualitativo, nós vamos
identificar que a imensa maioria desses jovens tem origem em famílias
vinculadas à política. E aqui não tem nenhuma avaliação quanto ao mérito deles
como parlamentares, a maior parte é de parlamentares brilhantes. Mas tem quanto
ao mérito da forma como se elegem, ou seja, não superam os limites do sistema
eleitoral. Porque têm estruturas próximas a dos políticos tradicionais.”
A
participação da família na política é um tema que a deputada portuguesa da Assembleia
da Ilha da Madeira, Raquel Coelho, 23 anos, conhece bem. Ela contou à Rádio
ONU, do Funchal, que saía com o pai para participar de campanhas de amigos. Não
demorou muito para que Raquel Coelho descobrisse sua verdadeira vocação.
Terminou o curso universitário, se candidatou a uma vaga, não foi eleita, mas
na segunda tentativa, saiu vitoriosa.
Eleições
Regionais
“Eu
já desde criança ia ajudar o meu pai, com quatro anos, ia colar cartazes do
Partido Comunista. Quando ele fazia parte do partido. Já tinha sido candidata
por outro partido, com 18 anos. Eu tirei o meu curso, me ausentei da Madeira e
estava trabalhando fora quando o Partido Trabalhista me propôs fazer parte da
lista que eles iriam apresentar nas eleições regionais”.
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Raquel Coelho |
Ao
chegar à Assembleia Raquel brinca e diz que, apesar de algumas barreiras em
relação a colegas mais velhos, a idade não pesou no novo trabalho, e explica o
porquê.
Raquel
Coelho
“Parecia
que eu tinha voltado à sala de aula na minha escola secundária. Porque repara,
eles se comportam como alunos nas salas de aula. Existe todo tipo de alunos.
Existem os estudiosos, bem comportados, mal comportados, os rebeldes, existem
os alunos que gostam muito de brincar, de rir, de gozar dos outros, apontar o
dedo aos outros, mandar bocas ao professor, madar bocas aos colegas, o
parlamento acaba por ser um pouco disso. Não sei se posso dizer negativo, mas
foi algo que eu verifiquei com alguma estranheza”.
Dica
Mesmo
com as barreiras que muitos jovens podem enfrentar ao serem eleitos para cargos
públicos, a deputada federal Manuela d’Ávila diz que a presença jovem pode
fazer a diferença. Segundo ela, os vícios da política tradicional não devem
servir de modelo para quem quem está entrando agora para a vida pública. Ela dá
a dica para jovens que querem concorrer e vencer eleições.
“Acreditar
em coisas, né. Eu acho muito triste quando os jovens entram na política sendo
tão velhos quanto a ideologia e a forma daqueles que eles combatem. Primeiro,
acho que é preciso que os jovens façam política de uma forma diferente. Que não
se rendam aos erros dos outros. Que não se entreguem aos erros dos outros, que
não cometam os mesmos erros. Embora seja mais difícil não cometer os mesmos
erros e seguir caminhos já caminhados, superar isso é o que justifica a
participação dos jovens na política. Senão, nós não precisamos entrar. Se é
para fazer a mesma coisa que os outros já fazem, então não precisam de nós.”
Já
o conselho da deputada portuguesa, Raquel Coelho, de 23 anos, para jovens que
querem se tornar políticos é fazer uso das mídias sociais. Segundo ela, a
rapidez destas plataformas ajuda a aproximar os jovens e a agilizar o processo
político.
Ferramentas
“Os
media têm feito isso com as novas redes sociais. Porque os jovens estão nas
redes sociais. E acho que isso também tem que partir dos partidos. Os partidos
têm que se associar aos media e têm que se associar às redes sociais. Porque é
lá que eles vão encontrar os jovens, porque é lá que os jovens estão. E acho
que passa pelos próprios partidos fazerem o acompanhamento das inovações. Não
ficarem presos ao passado, mas darem passos em frente e acompanharem o presente
e o futuro. E só assim que eles podem trazer os jovens. E os media funcionam na
própria divulgação destas ferramentas que podem ser usadas para atrair os
jovens”.
As
Nações Unidas incentivam a participação de jovens na política. No ano passado,
a organização promoveu um encontro na Tailândia com parlamentares jovens de
todo o mundo.
O
evento, o Fórum Global de Parlamentares Jovens, recebeu participantes de até 20
anos de idade que haviam sido escolhidos para cargos eletivos em seus países.
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