“COISAS
DA VIDA”
Por Leide Franco* (@LeideFranco)
Conheço muitas pessoas que já tiveram mais de quatro
amores eternos, acreditam? Daquele tipo que pelas juras e promessas não ia
acabar nem com o fim, nem com a morte. E do mesmo tipo que renderia tatuagens
pelo corpo só para deixar marcado para todo o sempre. É a megalomania do amor
dos amantes exagerados. Em um deles os versos de Cazuza eram o enredo principal
de toda a história: “Nossos destinos foram traçados na maternidade”.
E isso era
como estar diante do melhor gênero romântico, tipo os hollywoodianos água com açúcar
e pitadas de afeto. Na verdade, no fim cada um só quer a doce sorte de um amor
tranquilo e poder desfrutar de todo o amor que houver nessa vida, tal como o do
mesmo Cazuza.
O que muitos não conseguem entender é que o para sempre de
vez em quando pode se transformar, como metamorfose, em “era uma vez” um sonho
que era para toda a vida... Restos de um amor maior que tudo que se pudesse
medir. Quem pode julgar se está certo ou errado aquele que acredita nos modos
eternos da vida? Será que valeria a pena caso não nos prendêssemos na certeza
de que daquela vez seria o tal do para sempre?
O amor eterno é o amor
impossível. Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se
concretizam.
Eça de Queiroz
O amor é uma queda livre de dois corpos que dividem o
mesmo paraquedas. O segredo é ir soltando vagarosamente a corda que os prende,
para que as asas possam ir aos poucos se abrindo, e assim sentir como vai ser
pisar no chão. Tudo está muito fora do Romeu e Julieta shakespeariano. A vida
nos mostra que nada do que é humano pode ser eterno. O ser humano é mutável e
se adapta conforme as suas necessidades.
O melhor é acreditar que sempre será eterno enquanto
durar, como disse o velho poeta. E que a medida de tempo, seja o eterno ou o
passageiro, depende da intensidade com a qual o aproveitamos, até porque o para
sempre é muito tempo e deve morar muito longe, perto do fim.
*Leide
Franco - Comunicadora com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.
Escreve
às segundas-feiras.
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